QUEIMA O BARCO, PAI.
QUEIMA O BARCO PAI...
O meu filho, Paulo Fernando, contou-me hoje, este fato via mensagem de WhatsApp, pois disse-me que, pessoalmente, a emoção não lhe permitiria relatar-me.
Ao ler sua mensagem fiquei com o vidro dos olhos quebrados e repasso, para vocês, a história que me foi relatada da qual espero, independente da emoção que estou sentindo, poder fazer um relato fiel.
Eis o que meu filho me contou:
-Pai hoje, pela manhã, dirigia-me pela estrada do Mar, rumo a Capão da Canoa com a finalidade de levar o Arthur, meu filho mais velho, para a Escola Divina Providência, onde ele estuda.
Um profundo silencio tomava conta de nós e ele notou, ao me olhar, que eu estava com o rosto muito sério e perguntou-me:
- O que está havendo meu pai?
- Estou enfrentando alguns momentos difíceis que não me permitem expressar alegria ou felicidade.
Olhou-me nos olhos e, agora também muito sério me disse:
-Pai QUEIMA O BARCO e continua a tua luta que, no final serás vitorioso.
-Sem entender a sentença, perguntei-lhe o que ele queria dizer-me com esta frase.
Peguei o acostamento e reduzi a velocidade para poder prestar mais atenção no que ele me diria.
-Pai, Os vikings eram originários da Escandinávia, uma região do norte da Europa que compreende hoje a Noruega, a Suécia e a Dinamarca.
Eles habitaram esta região entre os séculos VIII e XI d.C. e destacaram-se como excelentes navegadores e valentes guerreiros e conquistadores.
Me dirigi para o estacionamento da Havan e parei o carro para dar mais atenção ao que ele me diria, a seguir...
-Pai, disse-me ele com o seu olhar fixo no meus olhos: quando os Vikings iam empreender uma expedição de conquista de um novo território ou uma ação de combate a um inimigo, eles iam de barco pelos mares de suas regiões e , quando chegavam no destino para a conquista ou para o confronto inevitável, prevendo que alguns de seus guerreiros, por falta de coragem poderiam tentar retornar, colocavam fogo nos seus barcos e partiam rumo a objetivo estabelecido sem saber se saíram vitoriosos ou não mas, com a certeza de que iriam combater buscando esse resultado.
- Baixei a cabeça para esconder minhas lágrimas, o que foi impossível, e dei um abraço no meu filho.
Não um abraço de pai mas um abraço de um amigo que estava recebendo, de outro amigo, o convite para não desistir e continuar a sua luta, na busca dos seus objetivos enfrentando as dificuldades, as batalhas, os mormaços e as invernias que o impediam, no momento, de chegar aonde queria.
- Consegui lhe dizer que, naquele momento, junto com ele, QUEIMEI O MEU BARCO, e de peito aberto, com as armas que disponho me dirijo para a batalha que não se sei vou ganhar mas que vou fazer todo o possível para enfrenta-la com o que de me melhor disponho em termos de coragem e honra para que, um dia, eu lhe possa dizer que queimar o meu barco, a seu conselho, foi a melhor coisa que fiz.
Este foi o relato do meu filho Paulo Fernando, via WhatsApp, o qual eu procurei reproduzir fielmente.
Espero que eu tenha conseguido transmitir, com exatidão, para meus sete ou oito leitores de maneira a fazer-lhes, enquanto leem, navegarem comigo, pelos mares da emoção e, se for preciso queimem seus barcos para não fugirem às lutas que a vida oferece e exige, de todos nós.
(Recanto da Ana e do Erner 21/08/24- Capão Novo)