SIMÃO CIRINEU. Selvino Antonio Malfatti
O povo de Mata gosta de desfiles e procissões. Na Semana do Gaúcho – de 20 de setembro – há concentrações de piquetes, desfiles de cavalarianos e cavalgadas até Porto Alegre. Uma das encenações tradicionais é a Procissão da Via Crucis da Sexta Feira Santa. São marcadas 14 estações geralmente em frente às casas, devidamente identificadas como: OITAVA Estação – Encontro das mulheres com Jesus.
A Encenação é precedida com ensaios, escolhas de personagens, roteiro e hora. Cada um tem seu papel.
Um fato pitoresco aconteceu na Sexta Feira Santa de 1968, na procissão da Via Sacra. O povo entre uma Estação e outra reza, canta e medita. Na Quinta Estação acontece a entrega da cruz a Simão Cireneu.
O combinado era que o Zelador da Casa Paroquial representasse Simão Cireneu e carregasse a cruz. Quando a Procissão chegou à esquina combinada, Cireneu não estava. Como havia alguém parado na esquina, o soldado romano – cobrador de ônibus da linha Mata-Santa Maria – não sabendo quem representaria Cireneu e vendo uma pessoa parada, dá-lhe voz de prisão e manda pegar a cruz. Era o Caticoco, uma figura popular. Caolho, torto, braços compridos, rengo.
- Pega a cruz! Ordem o soldado.
Caticoco, assustado, sem entender nada, carrega a cruz até dentro da igreja. O povo abafava risadas. Até o padre se espremia sufocando o riso.