O VELHO NA SALA

A empresa de construção civil onde eu trabalhava tirou a sorte grande quando ganhou a licitação para reforma de um condomínio composto por oito torres de quinze andares e trinta apartamentos em cada. Recebemos a notícia com grande entusiasmo por nos oferecer serviço para muito tempo, algo que nos ocuparia e garantiria emprego durante três anos mais ou menos.

Eu tinha como função limpar as janelas de cima abaixo sentado naquelas pequeninas cadeirinhas penduradas no edifício por cabo de aço, trabalho rotineiro que já executava há muitos anos, portanto seguro da experiência acumulada ao longo desse tempo. Antes de executar o serviço a administração condominial comunicava aos moradores sobre a presença do operário no lado externo das janelas solicitando o fechamento de todas e o uso de cortinas com vistas a preservar a privacidade dos condôminos.

Acontece às vezes de as mensagens emitidas não serem lidas por todos e as razões são múltiplas, então alguns não tomam conhecimento do que será feito e são surpreendidos ao me verem na cadeirinha fazendo meu trabalho porque as janelas estavam abertas, então imediatamente providenciam o seu fechamento. Visões inusitadas porém, antes do cerramento dessas delas causaram constrangimento a mim e aos moradores. Claro, nada muito sério, mas não deveria ser visto por um desconhecido como eu.

Todavia eu não estava preparado emocionalmente para a inesperada surpresa quase aberrante como a que me deparei em certa ocasião. Esquecida entreaberta, a janela diante da qual eu me encontrava possibilitava ver parte do interior da sala de estar, por isso quase caí de susto avistando o senhor idoso nu assistindo a televisão, acocorado sobre um saco plástico em plena satisfação fisiológica( o número dois😃).

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 24/05/2024
Reeditado em 24/05/2024
Código do texto: T8070576
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