BIBI FERREIRA e eu.
Eu começava a viver minha experiência de residente em Serra Talhada, em 1973. A cidade, à época, era um lugarejo muito atrasado, mas as freiras responsáveis pela administração de um colégio local se esforçavam muito para tentar mudar aquele estado de coisas, oferecendo educação formal de excelente qualidade, do Jardim ao Colegial, como se dizia, à época.
A promoção de atividades esportivas e culturais faziam parte desse esforço e eventos como shows musicais, campeonatos de futebol de salão, voleibol, peças teatrais e assemelhados eram realizados na bem estruturada quadra esportiva do educandário, a qual contava com um imenso palco, camarins, banheiros e insumos suficientes para não se passar vergonha, mormente quando se tratasse de uma personalidade como BIBI FERREIRA.
Isso mesmo, caro leitor: numa ensolarada tarde de domingo, chegara à cidade uma das mais importantes atrizes brasileiras, para declamar, à noite, no dito colégio, AS MÃOS DE EURÍDICE, clássico monólogo da lavra de Pedro Bloch. Estava em Serra Talhada nada menos que BIBI FERREIRA, filha do genial Procópio Ferreira! Também estava, na fila do gargarejo, para aplaudi-la, entusiasticamente, um garoto de 22 anos, que amava os Beatles e os Rolling Stones, e cuja timidez e exagerada atenção à magnífica atuação do ícone chamaram sua (dela) atenção.
A apoteose do evento se deu quando, concluído o espetáculo, a protagonista, num gesto de humildade e nobreza, desceu do palco para a ele dirigir-se, dá-lhe um beijo e um abraço, e pronunciar umas breves e emocionantes palavras.
Aquele garoto era eu.