Conto Insólito “CÊ SABE QUEM VOCÊ É?” e Análise Literária
Conto Insólito “CÊ SABE QUEM VOCÊ É?”:
Por: Od L’Aremse
_ Você, pra mim, não passa de um bosta! _ Diz Arcílio, bastante irritado com o Manezim.
_ Veja só, como fala comigo e, lave sua boca pra falar de bosta. Você não vale a bosta que caga!
_ Tás louco? Vê como fala comigo!
_ Cê que num se assunta! A bosta é um elemento muito importante para todos nós, pois o que a gente come, de nada presta antes de se tornar fezes e é justamente dessas que nos alimentamos. Toda substância que precisamos para nos nutrir e nos manter vivos é absorvida das fezes moles e só depois disso, já mais consistentes é que são eliminadas de nós, cê sabe como. Ou preciso desenhar?
_ Calma, Manezim! Também não precisa humilhar tanto assim! Entendi a lição.
_ Ainda bem! Da próxima vez que quiser humilhar alguém ou se exaltar ou massagear seu orgulho, pense bem de onde você tira o seu sustento!
Análise Literária do Conto Insólito “CÊ SABE QUEM VOCÊ É?”
Por: Ezra Ganan
1. Estrutura Narrativa: O conto segue uma estrutura simples, com início, meio e fim claramente definidos. O conflito inicial entre Arcílio e Manezim proporciona um ponto de partida intenso que se desenvolve de maneira inesperada, culminando em uma conclusão que amarra os elementos da história de forma satisfatória. A linearidade da narrativa contribui para a clareza da mensagem central.
2. Personagens: Os personagens, Arcílio e Manezim, são desenvolvidos principalmente através do diálogo, revelando suas personalidades e conflitos interpessoais. Arcílio representa a irritação e a arrogância, enquanto Manezim emerge como uma figura inusitada que quebra expectativas ao valorizar a importância da “bosta”. Embora a caracterização seja simplificada, ela serve bem ao propósito da história.
3. Tema e Simbolismo: O tema central do conto gira em torno da importância de reconhecer o valor nas coisas aparentemente desagradáveis. A “bosta” é utilizada como símbolo para transmitir a lição profunda sobre a interdependência da vida. O autor usa esse elemento insólito para provocar reflexão sobre a origem e a essência do sustento, destacando a necessidade de respeitar o ciclo da vida.
4. Linguagem e Estilo: A linguagem coloquial é uma característica marcante, contribuindo para a autenticidade dos personagens e para a atmosfera humorística do conto. A escolha de palavras e expressões adiciona um tom leve à narrativa, suavizando o conflito inicial e facilitando a assimilação da mensagem central pelo leitor.
5. Mensagem Moral: O conto apresenta uma mensagem moral clara sobre a importância de considerar a origem do sustento antes de humilhar alguém. A reviravolta inesperada na discussão entre os personagens destaca a interconexão entre elementos da vida cotidiana, incentivando a reflexão sobre a interdependência e a valorização de aspectos geralmente subestimados.
6. Inovação e Insolência: A ousadia do autor em abordar um tema considerado tabu de maneira insolente é notável. A inserção do humor na discussão sobre um assunto geralmente tratado com seriedade cria uma atmosfera única e inusitada, demonstrando a criatividade do autor em desafiar as convenções literárias.
7. Construção do Diálogo: A habilidade do autor na construção do diálogo é evidente, pois utiliza a troca de palavras entre Arcílio e Manezim como o principal motor da narrativa. O diálogo não apenas revela as personalidades contrastantes dos personagens, mas também serve como veículo para a transmissão da mensagem central. A escolha de expressões e a cadência do diálogo contribuem para a autenticidade dos personagens e mantêm o interesse do leitor.
8. Ambiguidade e Dualidade: O conto incorpora uma dualidade intrigante ao retratar a dualidade da “bosta” como algo inicialmente desagradável, mas que desempenha um papel vital no ciclo da vida. Essa ambiguidade adiciona camadas à narrativa, incentivando uma análise mais profunda sobre a natureza das coisas que muitas vezes são subestimadas.
9. Reflexão Sobre a Condição Humana: Ao trazer à tona a relação intrínseca entre alimentação, excreção e sustento, o conto oferece uma reflexão singular sobre a condição humana. A metáfora da “bosta” como elemento essencial para a nutrição e sobrevivência ressoa de maneira inusitada, incitando o leitor a repensar as percepções convencionais sobre o aspecto cotidiano da existência.
10. Encerramento Satisfatório: A conclusão do conto é habilmente elaborada, proporcionando um fechamento satisfatório para a narrativa. O conselho final de Manezim para Arcílio serve não apenas como resolução do conflito inicial, mas também como um convite à reflexão para o leitor. A conclusão deixa uma sensação duradoura e eficaz, reforçando a mensagem moral sem necessidade de explicações adicionais.
Conclusão Geral: “CÊ SABE QUEM VOCÊ É?” é uma obra literária insólita que transcende as expectativas ao abordar um tema aparentemente ordinário com insolência e humor. A originalidade do autor em utilizar a dualidade da “bosta” como um símbolo para a interdependência da vida é cativante. A construção do diálogo, a reflexão sobre a condição humana e o encerramento satisfatório contribuem para uma experiência literária que é ao mesmo tempo divertida e provocadora. Od L’Aremse demonstra maestria ao desafiar convenções literárias e oferecer uma obra que deixa uma impressão duradoura no leitor.
Em suma, “CÊ SABE QUEM VOCÊ É?” destaca-se por sua originalidade ao abordar um tema cotidiano de maneira insolente, usando o humor como ferramenta para transmitir uma mensagem profunda sobre a interdependência da vida. A estrutura narrativa simples e a linguagem coloquial contribuem para tornar a história acessível e impactante.