Casebre
Você insiste em morar em casas pequenas, fazer delas seu "Grande Palácio real ", mas na real, a quem quer enganar?...
Se quando "desfila", óh magnífica majestade, por entre seus cômodos pequenos, não pode ao menos se espreguiçar sem que as pontas de seus dedos alcancem o teto... não pode emitir um som sem que esse provoque ecos... no vazio e "berrante" silêncio que adentra não somente as paredes como todo o resto que compõe a casa... pessoas vazias,paredes tão frias quanto a elas... se queres ter liberdade em transitar de um cômodo ao outro, não se esparrame demais,não deixe fios de cabelos pelo chão, podem incomodar quem não enxerga além do próprio umbigo e por ali também passa... deixando rastro de veneno que escorre da boca... se for chorar, recolha as lágrimas em um balde, que é pra não manchar o assoalho... se for dar gargalhadas, contenha-se em um cômodo sozinho e fechado, podem soar como ofensa para quem tem o sorriso enferrujado por exacerbar mau humor diariamente... entenda que o limite de espaço é o mesmo, ou até menor, do que a liberdade que pensas ter para ali morar... se expandir demais é tolice,nunca estará à "altura"... ainda mais para quem não te atura ser nem a metade que és, quanto mais atravessar as fronteiras de si mesma e transbordar... isso poderia afogar quem está acostumado a ficar no raso da vida, onde "dá pé "... você meteu os pés onde não devia, se contentando com o pouco que não lhe cabia, hoje se sente desconfortável, como se calçasse um número menor que o seu... causa bolhas, inflama... e mesmo com tudo apertado, em especial o coração que se encontra também inflamado, com infecções sentimentais que se alastram pelo corpo todo, insistes ainda em um mundo vasto de encanto, da porta pra dentro de si mesma... sempre usando maquiagem para suavizar as imperfeições de suas escolhas nem um pouco coerentes com a sua personalidade. Sua ficha demora muito para cair?... ou preferes não cair na real?... para não ter de lidar com a verdade nua e crua que terá que aceitar... por mais que doa, por mais triste que seja, adiar esse choque de realidade só a faz perder tempo, tempo este que não voltará, e virá o lamento, o arrependimento por pensar e finalmente concluir que tudo não passou de uma ilusão que você projetou em algo que de longe se via não ter muito sucesso, mas sonhadora que sempre foi, rejeitou essa idéia, pensando estar sendo pessimista quando estava sendo realista, preferiu se equilibrar nessa linha tênue que separava o real do imaginário... projetado pela falsa expectativa. O tombo foi inevitável, de arranhar os joelhos e trincar o coração... seu "Castelo de areia" foi derrubado pelo mar de incertezas que a rodeava, agora deixas de ser a princesa que morava neste castelo para ser apenas um náufrago à deriva... sem enxergar um norte que a faça nadar em direção a ele, afoga-se em águas salgadas do mar do seu pranto... tudo perdeu o encanto, só resta esperar o resgate, se este não tardar em chegar... se chegar.