CINTO DE CASTIDADE
Edmundo perde-se na selva das palavras.
Direita, esquerda . Esquerda direita: confunde-se com um desfile marcial. Não funde-se com o compasso da ordem unida, porque não tem relação com qualquer comunhão.
Edmundo é uma pessoa comum. Homem que pretende ser íntegro. Cogita: o pensamento lhe outorga a faculdade de existir ou não existir.
Seu cérebro entra em torvelinho. Propõe se desvencilhar da teoria cartesiana.
Será que está fora de moda: não possui redes sociais - o mundo o engoliu.
Discussão de gêneros, de raças, cores, classes econômicas ou sociais.
Não quer ser como a legião de jovens que se travestem de eruditos, dotados de inteligências artificiais,
aqueles que criam páginas na web, almejando milhões de seguidores para remoer barbaridades em nome de verdades, as quais se confundem com ficções. As palavras bonitas regurgitadas se misturam aos cantos gregorianos e formam um coro desafinado.
Extraem milhares em numerários das ricas plataformas, enquanto dissimulam as mentes supostamente menos privilegiadas.
Edmundo se torna mudo perante o parlatório.
No implexo de vocábulos nem a universidade foi capaz de responder as questões levantadas.
Rapazes espadaúdos seduzem com suas posturas.
Moças com faces belas e falas meigas se tornam integrantes do parlamento e em nome dele passam a massacrar o populacho.
Quem comanda esse mundo digital não é o Cosmos.
Edmundo maquina aturdido. Qual cinto de castidade pode protegê-lo do defloramento intelectual?