A ÓRFÃ DE GUERRA

Uma menina de 16 anos que perdeu seus pais muito cedo por causa da guerra sentiu-se injustiçada pela vida. Ela não percebia por que tudo aquilo tinha que acontecer. Desistiu dos estudos no ensino primário por dificuldades, seus familiares se afastaram dela, ninguém estendeu a mão. Enquanto os outros desistiam dela, alguns se aproximavam para dela tirar vantagem. Alguns dos seus familiares venderam a casa dela com promessas de um futuro melhor. A órfã viu-se sem escolhas e, em falsas promessas, se entregou. Perdeu seu lar, que a viu crescer, sem infância, sem educação. Nela, a depressão se abrigou, uma depressão tão profunda.

Por passar noites e dias sem comer, sem atenção, a pobre menina desistiu de Deus sem medir as consequências da sua decisão. A inocente órfã optou pela prostituição para sua sobrevivência. Anos passaram, homens se foram, mas dentro da inocente menina sempre havia um vazio difícil de perceber, um buraco negro infinito que abrigava todo tipo de demônio. O demônio que mais a atormentava era o da incerteza de um futuro incerto, de uma vida sem glória. Por mais que a rapariga órfã tentasse se distrair, algo a lembrava que seu final seria o mesmo dos seus falecidos pais.

Mas não uma morte de guerra, mas uma morte de desistência, uma morte que primeiro traria consigo doenças e desgraças, uma morte tão óbvia que no momento em que ela percebeu que esse era o resultado da sua escolha, encontrava-se na cama do hospital. De tanto tormento vivido por ela impiedosamente, constataram que ela era soropositiva, com danos psicológicos e inúmeras ISTs. Resultado esse adquirido ao longo da sua vida infeliz.

Nélio Da Costa José
Enviado por Nélio Da Costa José em 07/07/2023
Código do texto: T7831128
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.