Sono

Viva, tão esmarrida, tão embotada

Ela "viu" algo na pílula

Se agarrara na ilusão

"Um dia chegarei lá"

Parecia mover-se

Em sua mente turbilhante

Em corpo estático

Injetou lithium e mais um outro

Mais alguns dias e em uma noite

Uma overdose de ansiedade

Rasgava-lhe a garganta

Molhada de vazio e encharcada de "amor"

Por si?! Por quem?!

Ele enxerga -tudo nela- como algo menor

Piedade, tenha dela. Oh! Tenha dela! "Grande" hipócrita, que vaga nas tralhas...

Para ótimo entendedor, muitos e muitas por aí bastam - para ele

E ela? -A foragida, a escondida, sua capela destruída-

Disse a ela tão simplesmente e em tom de ironia!

"Você tem fascínio pela morte!"

Ele não - a - entende, mas crê que entende-se e a entende, por compaixão humana, sua, que nem existe, na verdade

São tantas as ameaças de voar

Sumir

"Sabe o que é o amor? O que é o amor?"

"É respeitar, viu?!" "É confiar; de olhos fechados!"

Quando viu suas redes que os dissocia... Mds... Quanta coisa inaceitável...

Mas com amor são "aceitas"...

Você: dono da confiança! O Confiável!

password...

Bem como num aí... filme: words.

Bem... humor...

E com o humor estabilizado

Seguiu "feliz"; ele: sempre feliz

A facilidade mais vagabunda e ordinária

Era vinte e oito de agosto

Antes preparara sua prece

Bateu sua porta

Réquiem para o amor

Bebeu, bebeu todas as marcas

Chorou muito

Não derramou uma lágrima

O vento levantou sua saia

O vento levantou-lhe a saia

Rodopiou spinning com cigarros

Cheirou a fumaça branda daqueles contratempos

Na lentidão de um réptil, quis algo

Quando queria, tampouco moveu-se para fazê-lo

Deus! Como ela queria tão pouco!

Repleta de choro, ódio, revolta e amor

Nem eram oito e nem eram uns oitenta

Uns beijos em sua alma, acalantariam-na, talvez

Palavras ao vento, ligações semânticas de calor

Embora o frio fosse sua coberta

O vento veio e derrubou sua alma

Dentre o fundo de barulhos, então

Conseguiu ouvir a voz que mais a amava

"Entre minha filha"

Não sabia como havia conseguido

Mas algo lhe trouxe

Qual bêbado não chega em casa?

Afinal, a sobriedade lhe deu a cegueira de sua dádiva sorrateira

Procurando a calma

Encontrou seu travesseiro

No mundo dos sonhos

Tantas páginas viradas, já na oitenta...

"...os pensamentos excedentes são descarregados na forma de sonho..."

A fotografia marcada

O prisma no espelho

Saltou da serenidade

E sem querer, voltou à vida

Que vida?!

Abraçou os lençóis, precisava

Alcançar a realidade absoluta

Finalmente percebeu sua cama, sua mãe

Fechou a porta, cobriu-se com a claridade

Mas a escuridão bateu-lhe a porta

Em seus cabelos vermelhos

Ela sentiu o desconforto

Quis arrancá-los a fim de esquecer qualquer vestígio

"Surto" de tricotilomania: fulga

Oriundo da armadilha que a alcançara

Decepcionada e traída

Mais uma tentativa

Agora uma avalanche de lágrimas

Sujando tudo de sangue, por dentro e por fora

Ele não estava alí, estava... Como na maioria das vezes

A amizade com a "diversão"

O futuro te dirá, você não estará lá

Amizade....

Sua mãe estava alí, e no agora, e no sempre

Medo de não tê-la

Eis o amor verdadeiro

Agora

Sentada aos seus pés

Agarrada em sua cintura

Sua mãe aos prantos, rezara

Absorta na insanidade

Aos gritos, segurava-a

Aquela que a impediu de matar suas forças

Como Sansão, porém não queria lascívia

Apenas o amor, sem dissabor

Gritou e gritou muito, até morrer alí

O que estava tentando sumir

A fusão que não combinou

Ainda teve forças para ir até o espelho

Tentando enxergar suas curvas

As sempre belas, agora uma lágrima

Como? Não entendia como seria trocada

Nem por dentro e nem por fora

A culpa é do outro, o caráter, não existia

Apenas assim, serenamente gritou

Convicta da retórica

Sua irmã pedia ao seu Deus

Que pairasse novamente o silêncio

Que a porta fechasse

E ela voltasse ao seu recinto

À sua ressaca, ao seu mundo dos sonhos

"Minha mãe não me deixe

Não vá embora, por favor

Não me abandone!"

"Tire meus cabelos; não aguento mais!" Essa vida...

Tomou mais um gole de Gritos, de incansável dolor

Os pedidos foram atendidos, elas rezavam

Sem entender, sem sorrir

Com os cabelos intactos

Sua mãe fechou a porta

Sua irmã lhe acalmou

Voltou a sonhar

E lá, deparou-se com aforismos insanos

Mas faziam efeito

E ele?! Onde estava?!

Em seus sonhos deturpados

Pela inexistência do belo

Dia vinte e sete de agosto

Saiu pela porta, ainda mais bela

Tragou seus remédios

Fumou várias marcas

Engoliu seus cigarros

Voltou e dormiu

Acordou, dormiu, acordou, dormiu,

Meses após, continuou, acordou, dormiu, dormiu e acordou

Sempre dormindo, continua desacordada, mesmo na cara, não enxerga

Ele repete o desacerto; tudo é normal;

Qual pimenta não é refresco alheio?

Mas, oh meu rei!

Como na mão, mas me dê a ilusão real

Eu sou melhor, a mais, muito mais, não terás mais, uma hora, talvez

Minutos santos, em minuto são

A dor ressuscitou.

Kessi Santos
Enviado por Kessi Santos em 23/05/2023
Reeditado em 04/06/2023
Código do texto: T7795208
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.