URUCU

Se não existe pecado abaixo da Linha do Equador, não há razão para castigo.

E tu aqui condenado e sucumbir uma dor que não teve origem no teu santo corpo e sequer foi provocado por ti.

Aqui nos trópicos o torpor pode vir de qualquer céu de brigadeiro, de qualquer inferno fabricado.

Com um infrene desejo tu vislumbras a encantadora cunhã. Seu corpo finge vestir tintura de urucu e jenipapo.

Invade tua alma um eflúvio de maravilha e entorpecimento: um sentimento misto de concupiscência e piedade.

Pensa em pedir perdão.

Mas não há pecado abaixo do Equador.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 22/02/2023
Reeditado em 22/02/2023
Código do texto: T7725069
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