Yggdrasil

Odin ficou nove dias e nove noites pendurado na Yggdrasil, a Árvore Fundamental, com uma lança atravessada no peito. O doloroso ritual tinha como objetivo o aprendizado do significado oculto da Runas. E ao término do sacrifício, Odin tornou-se o mais sábio e poderoso de todos os deuses. Foi por isso que decidi me pendurar na mangueira do quintal da minha casa. Como eu não sou um deus, nove dias seria tempo demais para mim, então, optei por noventa minutos. E considerando que a árvore Yggdrasil, é a Árvore da Vida e divide os diferentes planos de existência; achei que seria inteligente suprir essa diferença entre ela e a mangueira do meu quintal com psicoativos naturais. Sim, porque se Odin tivesse se pendurado numa árvore comum, ele não teria adquirido tamanha sabedoria. E como eu não tenho conhecimento de nenhuma árvore similar à Yggdrasil, decidi que o elemento transcendental da minha experiência deveria vir das drogas. Naturais, é claro. A mais indicada seria o peyote, não fosse o fato de eu não fazer idéia de como encontrar um pouco. Uma alternativa simples seria o famoso chá de cogumelo, que pode ser encontrado facilmente em pastos, nascidos em bostas de vaca após a chuva. Mas o mais próximo disso que eu seria capaz de arrumar era bosta de cavalo, e além de não saber se nascem cogumelos em bostas de cavalo, eu também não sabia dizer se tais cogumelos teriam o mesmo efeito, ou se seriam venenosos, ou pior ainda: se dariam bad trip. LSD não era uma opção, por ser sintético, ele provavelmente arruinaria todo o caráter místico-filosófico do meu ritual. Então, decidi recorrer à internet e seus maravilhosos sites de venda. Comprei uma porção de salvia divinorum, o psicoativo mais potente encontrado na natureza. Então, fiz um baseado (preferia usar cachimbo, mas eu estaria fumando de cabeça pra baixo), amarrei-me com muito cuidado num galho bem alto, e fui descendo agarrado na corda. Tirei o baseado do bolso lateral da bermuda, protegido com velcro e acendi o baseado de salvia com certo contorcionismo, afinal, mesmo eu estando de cabeça pra baixo o fogo continuaria indo pra cima, e se eu não fizesse direito, poderia queimar meus dedos. Uma vez aceso, comecei a tragar e em pouco tempo a minha viagem rumo ao conhecimento começou.

No fundo, o que eu esperava que fosse acontecer é que eu ficasse simplesmente chapado. Toda essa coisa de se pendurar na árvore era licença poética, ou porque não dizer, coisa de quem não tem o que fazer. Eu esperava ver cores psicodélicas, imagens distorcidas, idéias insanas brotando do meu cérebro. E o sangue concentrado na minha cabeça com certeza iria alavancar os efeitos. Mas não foi só isso o que aconteceu. Para minha surpresa – para não dizer completo espanto – foi como se a minha alma tivesse saído do corpo e visitado outro plano de existência de verdade. Primeiro, o marrom do tronco da mangueira parecia se mexer, como água corrente. Então, o movimento tomou uma direção só, como se fosse uma cachoeira. O marrom tornou-se azul escuro. E em seguida, eu estava pendurado num galho em meio a uma cachoeira. Então, o galho se partiu e eu caí na água, indo parar na margem, boiando de costas. E lá chegando, vi uma canoa ornamentada com estranhos ideogramas encostada. Subi a bordo, e ela começou a se mover, sozinha. De repente já não havia mais cachoeira, e eu parecia estar em alto mar, não fosse pelo fato de que à minha frente eu podia ver a Pedra da Gávea, porém totalmente cercada de água. Há muitas lendas e histórias surreais a respeito dela. Histórias essas que eu só fui tomar conhecimento depois de pesquisar a respeito. Mas é fato que naquele momento, eu mal sabia o que era a Pedra da Gávea, embora tivesse absoluta certeza de que era ela quando a vi, além de saber também o que ela representava e o que esperava por mim.

Chegando lá, havia uma gruta, e na entrada da mesma, perambulava um estranho ser de pele esverdeada. Tinha mais de três metros de altura. Usava uma roupa esquisita, que lembrava bastante o figurino de filmes antigos de ficção científica. A canoa parou, e o estranho ser me perguntou:

– Já teve catalepsia projetiva?

– Perdão?

– Quando você tá dormindo, e o seu corpo tem um formigamento estranho e você ouve um chiado forte. Aí você faz força, e o chiado aumenta. É foda.

– Sim, já tive sim. Aliás, agora que o senhor falou em chiado... eu vi num programa que dizia que o som de quando o Universo não existia era esse, de uma TV chiando.

– E você acha que eles seriam capazes de deduzir como eram as coisas antes do Universo existir? Pense bem. Indo mais longe ainda: será que veio algo antes do Universo? Ora, sendo ele infinito ele não tem começo nem fim. Ou então, o que veio antes foi outro Universo. Você sabe. A cada 423.000 ¹º de anos surge um novo Universo, e depois de 100 destes, as coisas voltam para o lugar de onde vieram. Os Dias de Brahma.

– É, acho que sim. Mas... quem é você?

– Oh, eu sou Macromanon, o guardião da Pedra da Gávea. Muitos se perguntam se ela é um portal para outras dimensões, ou se é um aeroporto de naves espaciais; mas poucos são os que percebem que isso não faz diferença alguma: ela pode ser ambos ou nenhum dos dois ao mesmo tempo.

– Ah, obrigado, Sr. Manon. Mas agora eu acho que já vou indo...

– De nada, rapaz. E evite comer carne vermelha. Moléculas pesadas te deixam pesado, e se você estiver denso demais, o Trem das Sete vai passar e você vai ficar...

Senti um intenso arrepio, não aquele que você sente quando está em estado de paralisia do sono, mas sim aquele que você sente no clímax de um pesadelo. E então, a canoa começou a se mover novamente. E dentro da gruta, vislumbrei um espantalho ensangüentado boiando numa das margens. Finalmente a canoa parou numa margem, eu desci e comecei a caminhar. Sentia frio.

Depois de um tempo, avistei uma luz azul que emanava de uma entrada. Quando alcancei a luz, vi que a entrada dava para o centro da Pedra; o lugar era imenso, coberto por estalagmites e estalactites que em certos trechos lembravam bocarras ameaçadoras. E no meio de tudo, uma ilhota jazia cercada de água. Não foi difícil chegar até lá; a água batia na altura de meus tornozelos. E só depois de me aproximar da pequena porção de terra é que fui notar que nela havia alguém. Senti um arrepio, e meus olhos se encheram de lágrimas quando me dei conta de quem era o indivíduo. Ele trajava um longo sobretudo marrom escuro, e estava com as mãos nos bolsos, perdido em pensamentos, olhando pra um lugar qualquer. Tinha longos cabelos louro-acastanhados, lisos em sua maior parte, e que cacheavam nas pontas. Conforme me aproximei dele, pude notar horríveis cicatrizes na sua testa comprida; e o olhar pesaroso e amargurado que aquele homem tinha. De súbito, tive a estranha sensação de que aquela deveria ser a aparência do Ano Velho. A tristeza de saber que sua existência seria não mais que uma pálida lembrança no coração dos homens, mesclado ao alívio de finalmente ter chegado ao fim e finalmente poder dar lugar a seu sucessor, o Ano Novo. Mas quando cheguei mais perto, tive essa impressão aumentada, como se os sentimentos daquele homem, ali no centro, fossem na verdade os de incontáveis anos, ou mais do que isso, mais do que a passagem do Ano Velho para o Ano Novo: a passagem para uma nova era.

– Não, por favor – disse o homem, ao notar que eu já sabia que quem ele era – me chame de Yeshua. É que... eu odeio aquele nome. Ele me trás más recordações.

Lembrei-me das perseguições que os gnósticos sofreram, da Inquisição, do protestantismo, e de toda a hipocrisia religiosa de hoje em dia, e pude imaginar perfeitamente o porquê de ele preferir ser chamado pelo seu nome original.

– Eu o imaginava de pele escura, e de cabelo preto – disse-lhe, tomando o cuidado para não passar a impressão de inquiridor.

– Por acaso, esses são os traços da etnia à qual pertenço – ele me respondeu, com o sorriso de desculpa – Eu sei o que está pensando. É realmente irônico que aqueles que, como você mesmo diz, mais jogaram merda no meu nome, tenham acertado na minha aparência.

– O senhor disse... sua etnia?

– Sim, os essênios.

Nesse momento, tive a impressão de estar delirando. Finalmente tinha percebido que tudo aquilo era fruto da droga que eu tinha usado, e portanto, isso explicava aquela insólita aparição: o próprio Messias, que não gostava de ser chamado de Jesus, vestido com um sobretudo e dizendo que era um essênio; seja lá o que isso significasse. Porém, como num sonho lúcido, decidi explorar a capacidade do meu subconsciente e ver até onde aquilo daria, mesmo sabendo (ou pensando saber) que nada daquilo era real.

– Mas então, Yeshua... o senhor parece triste.

– Isso é fruto da minha condição humana. O sofrimento humano existe por causa das limitações que nós temos. Da incapacidade de saber a Verdade, ou pelo menos, da parte que nos toca.

– Me desculpe, mas eu não entendo.

– Eu não sou o Deus feito em homem que veio para salvá-los, mas sim, um homem, que assim como outros, transcendeu a carne e retornou à essência de tudo. Eu tentei mostrar que era possível, que qualquer um poderia fazê-lo, mas distorceram minhas palavras e o que era para libertar, terminou por escravizar milhares de pessoas por milhares de anos. Hoje, já não tenho mais certeza se o que eu fiz valeu a pena totalmente.

De repente, a idéia de que o próprio Cristo tivesse dúvidas sobre o valor de suas ações me estarreceu por completo. É certo que em eventuais discursos inflamados eu dizia que diante do que o cristianismo havia se tornado para a humanidade, Jesus se revirava no túmulo. Em parte, para ilustrar seu arrependimento, e é claro, para acentuar a visão humanista que eu possuída dele, descartando a ressurreição. Mas ao constatar que ele próprio, estava ali, diante de mim, desolado e pensativo, comprovando que seu lado humano e imperfeito existia; aquilo me assustou terrivelmente. Foi como se o mundo tivesse ruído sob meus pés. É bem verdade que eu nunca fora religioso, mas ao descobrir que parte de minhas suspeitas era verdade – que Jesus era imperfeito e que se arrependeu do que tentou fazer pela humanidade – eu notei que bem no fundo, eu devia ter ainda alguma fagulha de fé. Isto é, até aquele momento.

– Mas... assim como eu retornei à Divindade, outros virão e farão o mesmo. E outros já vieram e já o fizeram também.

– Me desculpe, mas... o que o senhor quer dizer com “retornar à Divindade”?

– Hum... quer saber qual é o sentido da existência?

Arregalei os olhos, e comecei a suar frio. Aquilo já estava fora de controle. Eu estava prestes a ouvir, da boca de Jesus Cristo, o sentido da Vida e da existência. E àquela altura, a lembrança de que eu estava sob efeito da erva já estava bem longe da minha mente, de modo que eu voltei a me envolver por completo na minha viagem de novo. Como eu não respondi nada, ele levantou uma sobrancelha interrogativamente.

– Sim, por favor.

– Basicamente, a Divindade, depois de contemplar a Criação, decidiu viver nela, e é aí que nós entramos: eu, você e todos os seres humanos somos fagulhas da Divindade. Todos fazemos parte de Deus!

– Não é possível.

Ele riu e retrucou:

– É sim! Não vai me dizer que não faz sentido?

– Então, porque existe sofrimento?

– Para que nossos espíritos sejam lapidados e retornemos à essência original. Noventa e sete por cento da sua personalidade, isto é, o que você pensa, como age e as coisas que faz, fazem parte, na verdade, do Ego. Não existe “verdadeiro Eu”, posto que todos fazemos parte de Uma Coisa Só. A falsa noção de Eu é fruto do Ego. Já a sua verdadeira essência, a Centelha Divina, jaz no fundo daquilo que você pensa ser você mesmo. Através do sofrimento e do auto-conhecimento você deve lapidar seu Ego e libertar a sua Verdadeira Essência, para então retornar à Divindade. Mas isso leva muito tempo, e dependendo de como você vive, pode levar até mesmo alguns séculos! Por isso nós reencarnamos.

Passei um tempo em silêncio, meditando. Por fim, reuni coragem e lhe perguntei:

– O senhor teve que reencarnar muitas vezes?

Com o constrangimento que sentimentos como a modéstia e a verdadeira humildade lhe impõem, ele sorriu e timidamente me respondeu:

– Não, feliz ou infelizmente, eu fui um dos raros casos em que poucas reencarnações foram precisas. Por isso, mais do que retornar à Divindade, eu me tornei também o Avatar do Aeon de Osíris. A Era do Pai. Minha função era a de mostrar o caminho às pessoas, mas como eu disse antes, minhas palavras foram distorcidas. Estão dentre as características dessa Era, o machismo, a violência, e o espírito de rebanho que tomou conta das pessoas. Mas tempos... – por um breve momento ele pareceu vacilante, e com um tom amargo concluiu – gloriosos esperam pela humanidade.

De repente, senti que compreendia o porquê de sua tristeza. Era o medo. Medo da mudança. Mais de dois mil anos como o Messias de uma Era, e agora, o que seria dele?

– O que acontecerá com o senhor?

– Nada. Na verdade, eu não existo.

Ouvir isso foi como uma facada. Uma pontada de raiva tomou conta de mim.

– Como é?

– Na verdade, o conceito humano de existência não se aplica a mim. Eu sou uma idéia, mas com vontade própria. Por isso não me permiti ser mudado pela forma-pensamento gerada pela fé. Sim, isso mesmo: se eu tivesse me deixado levar pelo imaginário popular, provavelmente você estaria diante de um messias laborioso, estúpido e ainda carregando uma cruz – e riu sarcasticamente.

Eu ri também, mas aquilo me assustou um pouco. Nem mesmo eu tinha uma visão tão negativa do Jesus cristão. Jesus cristão... é engraçado se referir a ele desse jeito. Nietzche dizia que o último cristão morrera pregado numa cruz. Eu sempre discordei dessa afirmação. Jesus não veio pregar nada pra ninguém, mas apenas mostrar o caminho, mostrar que era possível. O cristianismo foi uma tentativa miserável de manter vivos seus ensinamentos. Desde o momento em que cada apóstolo decidiu escrever um Evangelho sob seu próprio ponto de vista, a essência original se perdeu. E somente então, com a idéia original distorcida, é que nasceu o chamado cristianismo, anos após a morte do Messias.

– Certas idéias parecem ter vontade própria, como deuses atravessando as barreiras entre os planos de existência. Agora vou lhe dizer algo que pode lhe chocar um pouco.

Engoli seco, como se não bastasse tudo o que eu tinha visto e ouvido até agora! Mas não podia dar pra trás, então assenti positivamente com a cabeça.

– Sabe de onde surgiu a lenda de Lúcifer, o anjo caído?

– Hã... do planeta Vênus?

– Exato! O planeta Vênus era chamado de Portador da Luz, e também de Estrela da Manhã, porque ele surgia no céu antes do Sol. Era como se ele o trouxesse, “arrastando-o”. Daí o motivo desse nome. E antes do Sol se pôr, Vênus se “punha” primeiro, dando a idéia de que ele caíra ou fora banido do céu. Daí tinha-se essa idéia de que Lúcifer, o Portador da Luz, tinha invejado o poder de Deus, isto é, o Sol. Já conhecia essa história?

– Não com todos esses detalhes...

– Pois bem! Sabemos que Vênus era o nome romano de Afrodite, a deusa do amor, certo? Sabemos também que no cristianismo Jesus era o filho de Javé, que era também um deus amoroso, não é? Guarde estas associações: Lúcifer e Vênus, e Vênus e Jesus. Agora vem a melhor parte. No Apocalipse, há um salmo em que Jesus diz: “Eu sou a radiosa Estrela da Manhã.” Percebe?

– Inacreditável! Mas... espere um momento. Nada disso faz sentido! – respondi, tomado por um interlúdio de sobriedade, novamente recordando que tudo aquilo era fruto de uma viagem alucinógena.

– Se não acredita – retrucou, voltando ao tom de voz pesaroso – recomendo que quando sair daqui, pesquise na internet.

Esse foi o estopim. Jesus Cristo fazendo análises de mitologia comparativa e me mandando ir pesquisar na internet caso tivesse dúvidas. Estourei em gargalhadas, e foi quando ele concluiu:

– Estas associações que eu fiz, não são mera coincidência. Elas estão além da compreensão mundana. Somente homens como Aleister Crowley e Carl Jung conseguiram ter uma compreensão destes fatos. Preste muita atenção: Vênus, Cristo e Lúcifer tratam, na verdade, a respeito da mesma história.

De súbito, fiz silêncio e arregalei os olhos.

– A mesma história?

– Sim! – ele bradou, com estranha euforia – A história da humanidade! Trata-se de renovação, de mudanças... de evolução!

– Que... tipo de evolução?

– Todos os tipos que você puder imaginar: biológica, cultural, espiritual. E outros que não possa também. Você já ouviu a respeito das três Aeons, não é?

– Já, bem pouco.

– Primeiro, foi a Era da Mãe, no Aeon de Ísis; depois a Era do Pai, no Aeon de Osíris e agora, estamos na Era do Homem, no Aeon de Hórus/Maat. Vê? Vênus, Cristo e Lúcifer!

Caí de joelhos, estarrecido. E finalmente concluiu:

– O mito do Lúcifer cristão também pode ser encarado, não como um anjo que invejava a Deus, mas sim, de um anjo rebelde e sedento por liberdade. Liberdade, essa é a palavra chave! Esse é o foco do Aeon de Hórus/Maat, onde não se adorarão nem deusas nem deuses, mas se enxergará que não há deus algum senão o homem, e assim daremos um importante passo de volta à Divindade. Mas nem tudo serão flores, afinal, é importante salientar que o fim de um Aeon não quer dizer que suas características tenham morrido por completo. Eles continuam a influenciar a humanidade, mesmo que o façam com intensidade muito menor. E nem sempre essa influência é positiva. Lembre-se também de que cada Aeon tem as suas características negativas, e as pessoas poderão enlouquecer em busca do seu ideal de liberdade e talvez até mesmo privando os outros de sua própria liberdade. Para o bem ou para o mal, meu irmão, essa é a Era do Homem.

Enquanto ele proferia essas últimas palavras, um trem voador chegou e estacionou a seu lado. Ele subiu a bordo, sem olhar pra trás; e o trem seguiu em frente. Tentei me levantar para fazer meu caminho de volta, mas isso não era mais possível: eu estava de novo, pendurado na minha Yggdrasil.