Ainda que, por engano!

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Ainda que, por engano!
 
A triste notícia...
Morrera um grande amigo.
Ainda na semana passada falara com ele,
Dissera-me que estava bem, tinha planos para o futuro.
De meia idade, cabelos grisalhos e sempre sorridente.
Talvez fosse feliz, aparentava ser, pelo menos.
Não se espera morrer aos quarenta anos!
Preparei-me para a missa de corpo presente.
Fui à igreja da Nossa Senhora do Carmo.
Pátio cheio de carros, manobrei muito para estacionar.
Suava copiosamente.
Olhei para a torre da imensa catedral: 15 horas...entrei.
Uma multidão muda lotava os bancos toscos do recinto.
Compenetrado, passo a passo me aproximei do esquife que se encontrava junto ao altar.
Pensei com meus botões: - não imaginava que ele tivesse tantos amigos.
Enfim...
Olhos semicerrados me aproximei.
Persignei-me e fiz uma oração em sua memória.
A família sentada nos bancos próximos me examinava curiosa.
Lágrimas rolaram pela minha face.
A despedida final...
Abri  os olhos e...o espanto, havia uma senhora no caixão, uns 90 anos, creio eu...
Jamais a vira em toda a minha vida.
Putz, estava no lugar errado...o velório não era de meu amigo.
Sai envergonhado, num constrangimento total...errei o alvo!!!
Minutos depois soube que ele estava sendo velado na capela ao lado.
Paguei meus pecados, rezei por uma desconhecida ...
Mas creio que valeu a pena.
Entrei na capela ao lado e fui prestar as últimas homenagens ao meu amigo.
Um dia de muita oração.
Moral da história: mesmo que não conheças as pessoas, reze por elas!

Ainda que, por engano!
 

By: Maurélio Machado