Gol mil, ...todo prosa...
Seu avô ainda era criança quando o Jácomo já vendia loterias...era o dístico escrito na fachada daquela lotérica da esquina da Caetés com a Afonso Pena, Belo Horizonte, naquela cena hoje cinquentenária, quando em 19/11/69, um televisor improvisado no topo daquela loja propiciaria ao populacho, eu e mais uns cinquenta telespectadores, a visão, ao vivo, do gol mil de Pelé...
Vibramos pouco, é verdade. Gol de pênalti, forçado, parecia pouco para coroar a grandeza do Rei...que eu havia visto em pessoa , no Mineirão, inda umas poucas semanas antes, pela primeira e última vez, no amistoso em que a Canarinha perderia para um embalado e tresloucado Galo, por dois a um, gols de Pelé, Amaury e Dario...justamente na sua rota preparatória para a glória máxima do tri no México, em 1970.
Apenas regressando de um colégio noturno no bairro Concórdia, onde por umas merrecas eu lecionava inglês, revi, naquela moa, o Antônio Francisco Pedrosa, ex-colega de seminário, e goleiro, que talvez tenha torcido silenciosamente para que o homólogo Andrada pegasse aquela bola...
E o Pedrosa voltou pra ser padre, e até já subiu aos céus, enquanto Pelé seguiu sua rota exitosa, e eu lhes narro esta lembrança, todo prosa...
Tivesse comprado um bilhete ao Jácomo naquela noite, quem sabe...