Sensação de ancoramento
Vamos direto ao ponto, eu sou aquilo que está de minha pele para dentro, fora da minha pele não sou, aquilo que atravessa de mim para fora, essencialmente não sou eu, é só MEU, o que vem de fora para dentro jamais serei eu, é só um invasor, está apenas me invadindo. Uma visão clara e objetiva, mas e os sentimentos? Que nascem da gota de chuva, do cheiro da rosa, do latido na madrugada, do choro de alguém querido e se misturam comigo como fermento em massa sovada? Eles, esses tais sentimentos, não são eu, mas também não deixam de ser, sem eles não há vida, com eles não há paz. Talvez eles sejam simplesmente isso, uma âncora de mim pra todo resto, uma mobília de casa velha, que pode até ser feia, mas impede o eco opressor de uma casa vazia tomar conta de tudo como um tirano invasor e insensível, e cada um de nós sabe muito bem como essas ancoras são importantes, porque sabemos que de uma hora pra outra tudo abaixo do nível da pele pode emudecer e esvaziar sem ao menos um aviso nos dar.