Cantinho sofrido da cabeça
Quando transfiguramos nossa mão em uma adorável concha de carne e colocamos entre nossas sobrancelhas para sombrear os olhos, outrora cegos pela luz do sol da manhã, em qualquer direção que olhemos o mundo é tão grande que nossa imaginação não consegue preencher cada cantinho, e pede ajuda com determinação para se expandir com as batidas que vem do peito e descansar no inflar dos pulmões, num esforço que no fim apenas delimita os limites da mente viva e não do mundo -que ora é verde, ora azul... - fazendo-nos aceitar a derrota ,e sendo a causa desta a nossa pequenez, com a leveza dos que tentaram e que vez ou outra vão tentar de novo.
Apesar disso, porque é que no cantinho sofrido da cabeça, chamado memória de sobrenome razão, que esse mundo, com uma imensidão difícil de imaginar mesmo ao se amar, parece não caber todos nós? Até a razão precisa aprender a ser razoável.