O MISTÉRIO DAS MÃOS NOS BOLSOS

As moças tinham muito medo dele, embora nunca houve registro sobre assédio físico ou até mesmo com palavras provocado por ele. Era seu ar de doido, sua feiúra, ah!, e principalmente suas duas mãos nos bolsos. Não, elas não temiam que ele sacasse alguma arma, o problema era outro muito específico e deveras alarmante.

Geralmente o Jorjito andava bem vestido, sorria muito, cumprimentava os homens e olhava para as mulheres. Então, parava em alguma esquina movimentada e punha as mãos nos bolsos. Justamente nesse momento morava o perigo. Quase todos da cidade sabiam a razão de Jorjito colocar as mãos nos dois bolsos da calça em lugares por onde circulavam as pessoas. Especialmente as mulheres.

Com a rapidez de anos de "experiência", ele esgarçava um sorrisinho amarelo, o corpo trêmulo, as mãos em ação já bastante conhecida de quem ia e vinha, acelerava os movimentos, continuava a tremer todo até, repentinamente, se borrar por inteiro com grande quantidade de um líquido viscoso, que escorria pela perna direita da calça. A molecada, presenciando a tosca e insólita cena, também testemunhada pelos passantes horrorizados, gritava agitada:. " Jorjito, quantas? "

Alguns homens, certa feita, levaram-no a um cabaré da cidade, enganando-o sobre para onde iam, combinaram com uma prostituta de pagar se ela transasse com Jorjito deixando a porta destrancada. Ela aceitou. Entrou na alcova com o maluco do Jorjito e começou a se despir, enquanto ele apenas olhava. Nessa hora os sujeitos entreabriram a porta e ficaram assistindo em silêncio. E viram Jorjito, vestido da cabeça aos pés, colocando as duas mãos nos bolsos e iniciar seus velhos movimentos de sempre no instante em que a mulher mostrou-se completamente nua. Só não avistaram quando o líquido viscoso transbordou sob o sorriso satisfeito do amalucado.

Natal RN 10/08/2022

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 10/08/2022
Reeditado em 10/08/2022
Código do texto: T7579276
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