Entre o silêncio e a paz
Depois que a dor saiu aos berros a exaustão e calmaria tomaram conta. O motivo de tanta dor? Já não importa, isso já foi e pode ser que pensar faça a dor voltar, isso não, isso nunca, apenas senta-te na caverna do silêncio e olhe o lago da paz. A água deste lago é sentida e não vista, mas não deixa de dividir o espaço em dois, o espaço seco e o úmido. No seco é onde só os pequenos movimentos e os involuntários acontecem,onde não é permitido ficar de pé, a medida que quando se chega ali nenhuma das pernas tem força pra sustentar tanto peso, nem tão pouco se pode ficar deitado uma vez que o risco de não se levantar é grande. Apenas se pode sentar apoiando-se nos braços, preparando-se pra levantar no primeiro impulso que vier pra sair dali, é muito confortável, mas não é viver.
No espaço úmido, abaixo da lâmina d'água, sob a sombra daquele que tenta existir entre os dois espaços, é aonde respostas de perguntas desconhecidas são distorcidas ao emergiram das profundezas, pedidos que nunca foram realizados encaram- te logo abaixo da superfície, gritos que nunca emergiram são comprimidos pela pressão do lago e tomam formas de grunhidos e suspiros. É ali que todos os sorrisos falsos refletem a sua verdadeira natureza, onde as coisas não tem sentidos, apenas sentem, ninguém que mergulha retorna, volta sempre uma coisa diferente, que apenas pode ser tolerada e não amada.
Nesse estreito espaço entre o silêncio e a paz fica-se ali até a próxima estrela guia piscar, em código, que existe uma caverna melhor e com mais espaço, nem tão seco e nem tão molhado. Quem entender o código que esteja preparado para acreditar de novo e ser marcado pela dor de sonhar, sem cogitar de cabeça no lago da paz pular.