Naila

Certa vez eu estava olhando para a Lagoa do povoado onde moro e vi um brilho na direção de um local onde aqui chamam de Pedra D’Arigoa. Eu estava sozinha sentada na beira do píer e olhei ao redor para ver se tinha mais alguém porque eu queria saber se estava vendo coisas que não existem, mas eu estava sozinha.

Continuei a olhar para o local e fiquei tremendo de medo! Queria sair correndo, mas não conseguia levantar porque minhas pernas tremiam muito!

O brilho foi aumentando e, de repente, uma coisa grande começou a aparecer. Eu não conseguia saber o que era porque nunca tinha visto coisa parecida e fiquei curiosa, mas, ao mesmo tempo, com muito medo! O que era aquilo? Eu pensava e me perguntava porque eu tive a ideia de estar ali sozinha. Olhei novamente ao redor e aquele brilho que antes só iluminava a água agora estava iluminando as casas e comércios da beira da Lagoa, mas eu não entendia porque só eu estava vendo.

Eu queria muito gritar! Eu não conseguia... Estava um vento forte, eu estava com frio antes, mas percebi que comecei a sentir um calor mesmo sem o vento ter cessado!

Tentei fixar o olhar no negócio que estava no meio do brilho e vi que começou a flutuar, mas sem sair do lugar!

Eu juro que comecei a sentir uma vontade estranha de entrar na água e nadar até lá, mas era muito longe, mas eu tenho medo de nadar a noite e mesmo que fosse durante o dia eu não conseguiria nadar até lá!

Mas a vontade aumentava e o medo continuava me deixando trêmula, mas sentindo um calor como se fosse no horário do Sol ao meio dia!

Olhei a beirada e vi uns barcos, mas estavam sem os motores porque os pescadores tiram com medo de que alguém roube durante a noite e eles não tenham como ir trabalhar na pesca no dia seguinte.

Só que a vontade aumentava e eu não entendia o que estava acontecendo comigo! Queria chorar e não conseguia, queria respirar mais devagar, mas não conseguia...

Comecei a tentar lembrar as orações que eu havia aprendido, mas a minha mente parecia que estava oca para todas as coisas e eu só conseguia pensar que eu tinha que dar um jeito de ir até o objeto gigante que estava soltando aquele brilho e nem dava para saber o que ele era.

Foi quando vi que o objeto estava subindo mais e bem devagar!

Meu coração acelerou ainda mais e eu percebi que o objeto estava vindo muito devagar na minha direção e eu pensei que iria desmaiar.

Meu corpo foi ficando esquisito! Parecia que eu estava mais leve, mas não conseguia mais me mexer e nem olhar mais para os lados dava para mim.

E o objeto continuava vindo, devagar, se aproximando...

Eu comecei a ouvir uma voz distante e não entendia o que dizia, mas senti meu corpo sendo sacodido e aí ouvi meu nome:

- Naila! Naila! Acorda, menina! Vai perder o ônibus para a escola!

Eu estava suada, sentindo dores no corpo, mas me esforcei e abracei a minha mãe com bastante força dizendo:

- Obrigada! Obrigada!

E minha mãe não estava entendendo nada, mas sentiu meu corpo quente e me disse:

- Naila você tá com febre! Está molhada de suor, filha! Vou fazer um chá pra você. Fica em casa hoje.

Lá fora estava chovendo muito e eu fiquei morrendo de medo de dormir de novo e ter aquele pesadelo esquisito outra vez...

RonaldoRhusso
Enviado por RonaldoRhusso em 01/08/2022
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