A RAINHA INVISÍVEL

Certa rainha de um antigo reino, desejosa de andar pela cidade como se fosse apenas um súdito comum, sozinha e sem seguranças, ordenou que seus magos inventassem uma porção mágica que a tornasse invisível e, assim, ela fosse capaz de passar despercebida pelas ruas de seus domínios.

Os magos, desesperados, obviamente cientes de que seria impossível inventar algo com tamanho poder, quebraram a cabeça por vários dias, fizeram cálculos, elaboraram fórmulas mirabolantes, em praticamente todas as possibilidades pensaram, mas foi tudo em vão. E agora, como atender a impossível ordem da rainha ou dizer que não seria viável atendê-la, ante a possibilidade de serem todos castigados de forma cruel?

Foi, então, que um dos magos teve a singular ideia de por um pó mágico qualquer num copo com água e garantir que se ela bebesse aquilo se tornaria invisível. A concordância foi geral, todos combinando que afirmariam a invisibilidade dela e propagariam um decreto avisando que a rainha tomaria uma porção mágica e ficaria invisível durante um dia inteiro. Quem ousasse dizer o contrário, mesmo diante de sua presença física, seria decapitado. A emissão de tal decreto não seria do conhecimento da soberana, somente do conselho dos magos do reino.

Então, pediram à rainha para beber a porção mágica cujos efeitos acabariam ao final do dia. Bebida ingerida, todos os magos aplaudiram o feito e se alegravam entre si, declarando que a deusa soberana estava invisível. Ela, feliz com os supostos efeitos da beberagem, saiu às ruas e todos faziam de conta que não a viam, fingindo, temerosos, que ela estava realmente invisível.

Ninguém contava, porém, com a sincera inocência das crianças, que, avistando a rainha toda fagueira e sozinha andando em meio à vassalagem do reino, gritaram: " É a rainha, olhem, é a rainha!!! " A súbita revelação infantil desencadeou um turbilhão de consequências para magos e súditos. Contam que o autor da malfadada ideia pulou da torre mais alta do palácio, enquanto os demais sofreram o resultado de sua tola mentira.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 30/07/2022
Reeditado em 02/08/2022
Código do texto: T7571378
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