CRIANDO UM MONSTRO
Todas as noites a jibóia de estimação de Juvenal, criada por ele desde o nascimento e considerada membro da família, subia na cama de seu tutor e se esticava ao seu lado como se premeditando algo não de todo definido.
Dia após dia, sem que Juvenal percebesse, a jibóia crescia e subia na cama para o estranho ato de se esticar ao lado do dono. Poderia até mesmo ser um comportamento fofo, mas aquilo parecia muito estranho. Muitas semanas depois, provavelmente satisfeita com a pretensão de seu instinto, talvez certa de que o momento adequado chegara.
Não sendo venenosa, tendo a constrição como sua maior arma, na noite do desaparecimento tanto da jibóia quanto de Juvenal, como se constatou no dia seguinte, ela finalmente consumiu o ato ao sentir que seu corpo estava bem maior e mais robusto do que o do homem que a criara. No dia seguinte, não havia na casa nem a cobra nem o Juvenal.