LIVRE ARBÍTRIO

Senhor, onde tu estás que não me atende?

Meus joelhos ardem em carne de tanto quedar-me genuflexo.

Olhos vermelhos e ressequidos esgotados em lacrimejar.

Roguei seu nome aos quatro cantos e nada.

Lastimei ter nascido, chorei noites mal dormidas.

Amaldiçoei amigos e desconhecidos no afã

de descer-me nem que fosse um castigo...

E nada!

Ontem o "Mundico" morreu.

Partiu dessa pra outra melhor.

Ontem, também, soube no rádio que o doutor Ananias ganhou na "mega".

Também pudera, as águas só correm para o mar!

Atravessei um velhinho na rua.

Alimentei pombos na praça.

Dei esmola a um cego.

Perdoei um irmão que me feriu.

No fim do dia, voltei para casa ainda mais desolado.

Ocorreu-me que o Senhor talvez

não se ocupe dessas banalidades.

REMI
Enviado por REMI em 02/05/2022
Reeditado em 22/11/2023
Código do texto: T7507824
Classificação de conteúdo: seguro