LIVRE ARBÍTRIO
Senhor, onde tu estás que não me atende?
Meus joelhos ardem em carne de tanto quedar-me genuflexo.
Olhos vermelhos e ressequidos esgotados em lacrimejar.
Roguei seu nome aos quatro cantos e nada.
Lastimei ter nascido, chorei noites mal dormidas.
Amaldiçoei amigos e desconhecidos no afã
de descer-me nem que fosse um castigo...
E nada!
Ontem o "Mundico" morreu.
Partiu dessa pra outra melhor.
Ontem, também, soube no rádio que o doutor Ananias ganhou na "mega".
Também pudera, as águas só correm para o mar!
Atravessei um velhinho na rua.
Alimentei pombos na praça.
Dei esmola a um cego.
Perdoei um irmão que me feriu.
No fim do dia, voltei para casa ainda mais desolado.
Ocorreu-me que o Senhor talvez
não se ocupe dessas banalidades.