O Guerreiro Azul visita os Apaches - "Versão Inteira".

Numa isolada região da América do Norte, vivia uma antiga tribo indígena conhecida como Apaches. Era noite, já quase entrando a madrugada. O céu estava limpo e miríades de estrelas cintilavam na abóbada celeste e a lua cheia nunca esteve tão intensa e bela. A essa hora, a maioria dos indígenas já estavam em suas cabanas dormindo, tendo os seus sonhos bucólicos. Porém, um pequeno grupo de 12 respeitados anciões, sendo 6 homens e 6 mulheres, estavam reunidos sentados ao redor de uma fogueira localizada um pouco mais distante das tendas. Eles entoavam cânticos em louvor aos seus ancestrais e a Mãe Natureza, que eles chamavam devotamente de A Grande Mãe. Evocavam também o espírito dos animais e poderes superiores do Universo para protegerem o planeta de todo dano.

Tudo isso ocorria quando subitamente um absoluto silêncio se fez notar em toda aquela região. Não se ouvia mais o soprar do vento, nem o barulho dos animais que por ali estavam e tampouco as árvores movimentavam as suas copas. Tudo ficou quieto e em silêncio. Era um silêncio anormal, misterioso, absoluto. O grupo de anciões percebeu de imediato tal fenômeno e se entreolharam em silêncio. Eles pressentiram que algo iria ocorrer e eles intuíram o que seria, pois tal fenômeno já havia ocorrido com seus antepassados que, por muitas vezes, haviam relatado tais acontecimentos. Então olharam para cima, para as estrelas, pois se estivessem certos a explicação de tudo deveria estar lá. Foi quando, então, que notaram entre as estrelas três esferas de luzes coloridas que alguns segundos atrás não estavam lá, ou se estavam, ninguém percebera. As três esferas emitiam luzes que variavam entre as cores vermelho, verde, amarelo e azul. Comparadas as outras estrelas do céu, eram cerca de três vezes maiores em tamanho e luminosidade.

Os 12 anciões, então, se levantaram quase ao mesmo tempo, mas sem tirar os olhos daquelas "estrelas" desconhecidas. Seja lá o que fosse aquilo no céu, estavam alinhados em paralelo, ou seja, um ao lado do outro. Então, um dos objetos luminosos, o que se encontrava no meio da formação, começou a se mover. Descia e vinha em direção a aldeia, vagarosa e silenciosamente. Os anciões estavam apreensivos. Embora tivessem ouvidos histórias de seus ancestrais sobre tais acontecimentos, essa era a primeira vez que presenciavam isso. O objeto luminoso continuava a descer, deixando os outros dois para trás; e quanto mais descia, maior ficava aos olhos daqueles impressionados anciões.

Quando o misterioso objeto voador estava a cerca de 300 metros de altura, todas as suas luzes multicoloridas se apagaram por alguns segundos, para logo depois ele se iluminar novamente, mas dessa vez com uma única cor de luz: um branco suave e belo. Era como se no céu estrelado agora houvessem duas luas. E o OVNI continuou a descer...

Parece que a intenção daquele objeto era aterrissar num campo mais aberto que estava a algumas dezenas de metros de onde se encontrava a fogueira e os anciões, pois era um local perfeito para o pouso. Os 12 sábios apaches ainda observavam mudos e fascinados toda a ação do objeto voador não identificado.

Todo o show de luzes feita pela nave juntamente com as outras duas que estavam quilômetros mais acima, chamou a atenção de muitos indígenas apaches que ainda estavam entre o sono e a vigília em suas tendas. Logo muitos começaram a chegar e observar também o fenômeno no céu. Alguns não contendo a admiração e o espanto foram acordar outros mais. Alguns minutos depois quase toda a aldeia estava ali olhando para cima e um certo alvoroço foi criado.

Todos queriam entender o que estava acontecendo. Alguns correram para perto dos venerados anciões, outros fugiram de medo para dentro de alguma tenda e alguns começaram a orar para alguma entidade da natureza pedindo proteção; sem contar algumas crianças que desabaram a chorar. Um pequeno caos estava formado. No entanto os 12 anciões pediam calma e que todos permanecessem em silêncio. Diziam que todos deviam confiar no ensinamento das tradições que ensinavam que aquilo não representava perigo, mas sim antes, um bom presságio. Dessa forma, mesmo espantados, tudo foi se harmonizando. Exceto por uma criança que aqui ou ali ainda chorava incontida, todos estavam em silêncio fascinados observando os três objetos no céu; dois mais distantes e o terceiro já se aproximando do solo.

O objeto tinha cerca de 30 metros de diâmetro, seu formato lembrava os clássicos discos voadores. A espaçonave já estava a 10 metros do chão e continuava a descer, lentamente... Alguns minutos depois ela tocava o solo, sempre em absoluto silêncio; não se ouvia ruídos ou barulhos denunciando algum tipo de motor ou propulsão. Era uma tecnologia desconhecida. E de uma forma inexplicável, assim que tocou o solo, todo o silêncio que envolvia toda aquela paisagem até então, desapareceu e logo podia-se novamente ouvir o vento, as árvores a balançar e os animais e pássaros com suas onomatopeias típicas. Isso deixou todos ainda mais perplexos.

Os anciões e o grupo de indígenas estavam por volta de 100 metros do objeto desconhecido e mesmo o enorme aparelho estando envolto em suave luminosidade branca, era possível perceber que era constituído de algum material semelhante a prata polida. A luz do luar e do céu estrelado também ajudavam na observação de maiores detalhes da nave, ao mesmo tempo em emprestavam um maior tom de mistério a tudo aquilo.

Os anciões observavam tudo atentos, em silêncio. Alguns estavam em estado de perfeita serenidade; outros, porém, demonstravam preocupação e até um certo medo. Afinal, tudo aquilo era novidade em suas experiências de vida. Nessa altura dos acontecimentos toda a aldeia já estava desperta e observava o fenômeno. Homens, mulheres, velhos, jovens e crianças assistiam atentos, cada qual com sua gama particular de impressões e sentimentos. Muitos animais domésticos estavam claramente irrequietos, principalmente os cavalos, que relinchavam e distribuíam coices ao vento.

Após o pouso da nave, nada ocorreu por alguns minutos. Houve muita especulação e conversa entre os indígenas. Alguns apaches mais agitados que os demais correram para dentro de algumas construções e voltaram com arcos e flechas e machadinhas e foram para ao lado dos 12 anciões. Contudo, os velhos sábios ao perceberem as intenções beligerantes de seus guerreiros apaches, mais uma vez pediram calma. Tudo estava certo, eles deviam confiar. Porém, todos estavam na expectativa do que iria ocorrer. Foi quando mais uma vez o misterioso objeto apagou sua luz totalmente e instantes depois uma passagem iluminada se abriu na fuselagem da nave. Dentro dela era possível ver a silhueta de três seres.

As reações a inusitada cena foram as mais diversas. Alguns correram de medo para as suas tendas, mulheres recolhiam as crianças apavoradas, uns tremiam e outros riam sem saber o motivo. Alguns guerreiros apaches novamente empunharam seus arcos e flechas; e outra vez foram os anciões que procuraram colocar alguma ordem no lugar:

- Fiquem calmos! - gritou um dos anciões após se virar para a multidão de índios. - Não temam. Posso sentir que vieram em paz. Tenho certeza que são os mesmos seres que visitaram nossos ancestrais no passado. Vamos aguardar os acontecimentos. Fiquem calmos! - Após dizer estas palavras a maioria dos apaches procurou manter a serenidade. Contudo, muitos ainda se mostravam bastante agitados e temerosos. Foi quando esse mesmo ancião que havia pedido ordem, ouviu nitidamente uma voz em sua mente que lhe comunicava perfeitamente em seu próprio dialeto:

- Você está certo. Viemos em paz e não há nada a temer. Precisamos que você acalme os outros para que possamos nos aproximar. Temos uma mensagem a lhes dizer.

Sem entender como aquilo ocorria, mas entendo o significado de tal fenômeno, o ancião mais uma vez se virou para o grande grupo de apaches reunidos perto dele, levantou o braço direito e bradou para que todos pudessem ouvir:

- Não temam! Mantenham a calma! De alguma forma eles se comunicam comigo e posso entender que eles são nossos irmão maiores lá das estrelas. Eles servem a Grande Mãe e vieram nos ajudar. - Após sua fala, baixou o braço e voltou a contemplar a nave onde estavam as três figuras ainda paradas no portal luminoso. Então, outra mensagem lhe chegou clara na mente:

- Se aproxime de nós, mas não venha só. Traga mais dois de seus irmãos sábios. Não tema.

O ancião explicou rapidamente o que ocorria aos demais veneráveis sábios apaches e dois deles se dispuseram a ir de bom grado. Começaram a caminhar e logo venciam os 100 metros que os separavam da espaçonave. Mais alguns minutos de caminhada e chegaram até a nave bem de frente onde a porta iluminada se abrira. Os três anciões, então, puderam contemplar em detalhes aquelas três entidades estelares.

Estavam os três seres um ao lado do outro. No centro havia o mais alto deles com talvez 1,90 de altura. Trajava uma espécie de armadura azul de tonalidade forte como um azul royal, no entanto era incrivelmente polida e por isso reluzia sutilmente intensa beleza. Seu olhar era doce de um azul safira profundo, pele clara e os cabelos eram compridos, lisos e negros e iam até a cintura. Porém a parte da frente era mais curta indo apenas até os ombros. O semblante dele era entre sério e suave; havia um sorriso sutil na sua face.

Do lado direito deste ser mais alto estava nitidamente uma mulher. Vestia o mesmo tipo de armadura azul royal, no entanto ela diferenciava de forma particular devido aos seus traços femininos e bem delineados. Ela era ligeiramente mais baixa que o primeiro ser descrito, contudo era incrível como eles se pareciam! Tinha os mesmos olhos azuis profundos, cabelos longos e lisos até as costas e na frente uma perfeita franja que se recortava por cima das sobrancelhas emoldurando o seu rosto belo e claro. Tinha um charme e beleza indescritíveis. Apesar da semelhança, o primeiro ser tinha traços bastantes viris em seu rosto, como se fosse algum tipo de guerreiro das estrelas; já ela embora demonstrasse firmeza no olhar e força de espírito, possuía um rosto bem feminino, meigo e suave e reforço que a beleza de sua simetria era realmente encantadora. Não tinha como não olhar pra ela e não se sentir extasiado.

O terceiro ser era ainda mais fascinante! Talvez fosse pelo motivo dele ser aparentemente bem diferente dos dois demais. Vestia também uma armadura, mas era de material dourado e polido o que lhe dava um ar de alguma realeza sideral. Também era alto, com certeza mais de 1,80 de altura, seus olhos eram de um verde vivo e profundo. Sorriso nos lábios, olhar alegre e o cabelo também era liso e longo até pouco acima da cintura, no entanto era tão dourado quando as suas vestes! Estes seres eram realmente peculiares!

Os três anciões designados para o encontro fitava-os fascinados. Nunca tinham visto seres tão diferentes em porte e beleza. Era literalmente algo de outro mundo para eles.

Foi quando a mulher estelar falou, desta vez em voz audível e clara na linguagem dos próprios indígenas:

- Viemos de um Sistema de Estrelas... - disse apontando para cima. - ...que no seu mundo é chamado de Plêiades. Lá nós temos um sistema de vida que ama a natureza e que não fere os nossos semelhantes e nem qualquer ser vivo. Gostaríamos de nos aproximar dos demais membros de sua comunidade para que possamos dar uma pequena mensagem que vocês irão mais à frente serem convidados a repassar para os seus irmãos de pele branca que estão muito perdidos na forma de verem a vida e na forma que tratam a Grande Mãe.

Os três velhos sábios se entreolharam e sorriram. Era realmente nisso que eles também acreditavam. Era a forma de vida que eles tinham. De respeito e amor pela natureza e os seus semelhantes. Viviam num sistema de cooperação e não de domínio e escravidão.

O Ancião do centro, que era o mais experiente, então colocou a mão direita cerrada sobre o peito num gesto peculiar seu de respeito e disse com alegria e naturalidade:

- Todos que vêm com amor e respeito pela Grande Mãe e seus irmãos são bem vindos aqui. Por favor, nos acompanhem. Vamos levá-los até nosso povo.

A mulher das estrelas então respondeu com bondade e satisfação no olhar:

- Obrigada. Não poderíamos nos aproximar sem antes contatarmos vocês, os líderes da sua comunidade. Poderíamos sermos vistos como uma ameaça e isso não seria bom. Mas indo com vocês eles entenderão que não viemos para causar qualquer dano.

Os anciões concordaram sorrindo. Os três seres siderais logo desceram por uma pequena rampa iluminada que se fez surgir na base do portal da nave em que estavam e logo os seis estavam a caminhar para os demais membros da legendária tribo Apache que esperavam entre ansiosos e temerosos por aqueles visitantes mais do que especiais.

Os demais membros da tribo não conseguiam disfarçar suas tensões com a aproximação daqueles visitantes inusitados. A calma apenas reinava em alguns bovinos que por ali pastavam tranquilamente. Enquanto os seres celestes e os anciões se aproximavam, algumas crianças que já tinham se acalmado e que estavam no colo de seus responsáveis e outras que se apoiavam nas pernas de outros membros adultos da tribo voltaram a chorar. Chorar não seria bem o termo correto, mas sim a berrarem! O medo daqueles seres de outro mundo as perturbava.

Os três anciões e os três seres das estrelas, enfim, chegaram bem próximo de onde estava o resto da tribo e pararam. O choro das crianças criaram uma pequena algazarra onde todos ficaram desconcertados. Ninguém conseguia acalmá-las. O Ancião que estava mais a frente liderando a comitiva baixou a cabeça alguns segundos pensando em como resolveria aquela situação. Foi quando a mulher estelar num gesto repentino saiu do grupo em que estava e se dirigiu até umas das crianças que chorava e soluçava inconsolável no colo de uma senhora de aspecto obeso que parecia ser a sua mãe...

Com um sorriso largo e encantador a mulher das estrelas foi tomando passagem calmamente entre os anciões e alguns Apaches e logo estava de frente a mulher Apache que segurava a criança no colo em crise de choro incontido.

Alguns anciões - agora todos os seis já reunidos novamente - se entreolharam receosos do que poderia ocorrer. Contudo, o mais experiente deles fez um gesto com a cabeça e disse discretamente aos mais próximos enquanto sorria sereno: - "Observem...". De alguma forma ele sabia que tudo ficaria bem. Os que ouviram suas palavras passaram a observar mais atentamente enquanto seguravam as suas emoções.

A mulher das estrelas que no seu traje azul royal a refletir o brilho prateado do luar naquela noite muito estrelada mais parecia uma deidade de algum conto fantástico. Os outros dois seres estelares estavam absolutamente serenos e observavam tudo com um semblante tranquilo.

De frente para a mulher indígena que a olhava num misto de admiração e receio a criança intensificou o choro e afundou a cabeça no busto da sua suposta mãe que a apertou no peito e a acariciava numa tentativa de acalmá-la. Todos os demais Apaches com exceção de alguns anciões mais serenos observavam em profunda ansiedade e expectativa.

Em seguida a mulher estelar com um belo sorriso disse ternamente: -"Ei, Yahto!" O menino magicamente parou de chorar. As outras crianças que ainda tinham suas crises de choro já pareciam mais calmas e os demais Apaches da tribo assim como os anciões expressaram grande surpresa. "Como ela sabe o nome dele?" - cochichavam alguns. -"Ei, Yahto!" - tornou a dizer a mulher celestial em tom suave de amor maternal. "Yahto" era o nome da criança e na linguagem daquela tribo significava "azul".

A criança num impulso desgrudou a cabeça do peito da senhora Apache e olhou para a mulher estelar com os seus pequenos olhos marejados de lágrimas. Ao ver o sorriso acolhedor da mulher pleiadiana e aqueles olhos azuis intensos e brilhantes repletos de amor e ternura a criança olhou para sua mãe(?) e balbuciou uma palavra que era o nome de um espírito mágico que nas suas tradições descia da lua para ajudá-los. A mulher indígena sorriu satisfeita e a criança voltou a fitar extasiada o rosto angelical da mulher na armadura azul.

- "Yatho, tenho algo para você." - disse tranquila enquanto fitava com ternura a criança. Ela então abriu a mão direita que estava envolta numa espécie de luva fina de aspecto azul metálico e algo brilhou suavemente num tom azul claro. Eram como pequenos cristais de azul fluorescentes. Cada pequeno pedaço desse cristal brilhava intensa mas suavemente como se ela segurasse pequenas estrelas azuis.

- "São como você Yatho..." - Disse ela ao indiozinho se referindo ao seu nome que significava "azul". - "...Belo, 'azul' e brilhante!" - finalizou sorrindo contente. Ela pegou uma das "estrelas" com a mão esquerda que também era revestida com o mesmo tipo de luva e a ofereceu ao garotinho Apache que a pegou fascinado e mostrou para a mulher que o segurava que sem dizer nada apenas sorriu admirada com a beleza daquela pedrinha...

A mulher das estrelas, satisfeita, esboçou aquele sorriso mágico mostrando seus perfeitamente alinhados dentes perolados. Interessante notar que ela não possuía os nossos dentes chamados "caninos"... A esta altura todos observavam em total silêncio e olhares de encantamento. As crianças que antes choravam estavam agora calmas, contudo na expectativa se também ganhariam uma estrela-cristal.

Notando a expectativa geral daquelas crianças - ou será que isso foi a intenção dela desde o inicio? - a mulher estelar foi caminhando calmamente e sorrindo por entre os Apaches e buscando cada criança que fosse possível entregar uma unidade daquele cristal cintilante.

Alguns Apaches que ainda desconfiavam da intenção daqueles seres celestes se sentiram mais amistosos com o gesto da pleiadiana e logo estavam satisfeitos e contentes em seu íntimo. Tudo foi relaxando e descontraindo. Após entregar as "estrelas" para os pequenos guerreiros Apaches ela se virou para onde estava seus outros dois amigos do espaço e sorriu; logo foi voltando até eles em passos lentos.

Ao chegar novamente até onde estava a mulher que segurava Yatho no colo ela parou. Olhou para ele como se ela fosse sua própria mãe, segurou uma de suas mãozinhas e disse com meiguice: " - Você brilha mais do que todos os sóis juntos". O menino Apache sorriu sem entender muita coisa e ela olhando para a senhora que o segurava sorriu e deu uma piscadela. Mais alguns passos e ela estaria ao lado de seus irmãos pleiadianos que a aguardavam impassíveis em sua serenidade.

Após o retorno da mulher estelar para o lado de seus companheiros, os Anciões que estavam próximos trocaram alguns olhares e uma das três venerandas anciãs deu alguns passou até o trio de pleiadianos e disse acolhedora: - "Temos um local no centro da aldeia onde podemos nos reunir e vocês poderão nos passar a mensagem pela qual vieram." - Os três seres das estrelas apenas assentiram com seus olhares brilhantes e sorrisos ternos.

Logo os seis anciões e os três pleiadianos se dirigiam até o centro da comunidade Apache onde uma fogueira se extinguia nos seus últimos lampejos de vida. Um dos anciões, num gesto rápido, convocou um dos Apaches que rapidamente se aproximou dele; ele disse algo em seu ouvido e logo ele corria para colocar mais lenha na fogueira.

Os demais Apaches iam se aproximando do centro e se acomodando próximo ao fogo que já ganhava vida novamente. Em alguns minutos as chamas já estava altas e vibrantes, mas não tão altas a ponto de impedir a visão que todos tinham um dos outros. As estrelas estavam brilhando intensamente no céu e a Lua mais uma vez era testemunha de todo aquele fascinante encontro e parecia sorrir feliz ao observar com seus raios suaves algumas crianças que ali brincavam felizes com seus novos presentes brilhantes. Alguns indígenas recostados em algumas árvores e tendas também analisavam curiosos aqueles objetos luminescentes de outro mundo que seus pupilos tinham ganhado.

Os anciões convidaram os três seres estelares para um local próximo da fogueira de tal forma que eles pudessem estar de frente aos demais indígenas que formavam uma meia lua em volta da fogueira. Alguns forraram o solo com peles de búfalo e se sentaram, enquanto outros preferiram ficar de pé. Do outro lado do fogo crepitante estavam os seres de armaduras azuis juntos dos seis anciões; três ao lado da mulher estelar, três do lado do ser de cabelo loiro e no centro deles o Guerreiro de olhar azul que fitando à todos com certa seriedade logo começaria seu discurso.

O fogo crepitava e refletia suas chamas laranjadas no olhar intenso do Guerreiro Azul. Um dos anciões levantou o braço direito e num gesto com a mão pediu plena atenção e silêncio daquela platéia Apache. O ser celestial fitou por alguns segundos as estrelas, a lua e passou seu olhar nas outras duas naves que aguardavam silenciosas naquele céu fascinante.

O ser estelar logo voltou sua atenção para aquela pequena multidão de indígenas, contudo agora com um olhar mais doce. O ancião vendo que tinha captado de forma profunda a atenção de todos para aquele ser de armadura azul, baixou seu braço e o ser das estrelas começou a falar em tom que todos pudessem ouvi-lo de forma perfeita no próprio dialeto daquela comunidade: - "Meus irmãos e irmãs!" - enquanto falava alguns Apaches se assustaram, pois ao mesmo tempo em que ouviam sua voz pelos ouvidos, também a sentiam dentro de suas mentes, como se cada palavra estivesse sendo gravada indelével em suas almas. " - Meus irmão e irmãs... " - continuou... " - ...reunidos aqui nesta noite mais do que especial. Guardem com atenção as minhas palavras! Porque elas são as palavras que a própria Grande Mãe gostaria de proferir." - Todos olhavam atentos.

" - Os irmãos menores¹ estão cada vez mais insaciáveis na sua busca pelo poder e domínio, tanto da Grande Mãe quanto de seus filhos amados. Eles querem possuir e dominar a tudo e a todos. Em breve, dentro de poucas semanas, um pequeno grupo desses irmãos chegarão em suas terras com o intuito de avaliarem a melhor forma de extrair o que puderem de riquezas. Mas, ao invés de confrontá-los de alguma forma, temos uma missão importante que vocês devem cumprir para o bem de todos os filhos da Grande Mãe.

"Junto com a comitiva desses irmãos menores, virá um senhor de cabelos grisalhos e altura média que é o líder da empreitada que aqui intentam realizar. A missão de vocês todos é que possam através de seus venerados líderes anciões entregar-lhes um material que iremos repassar para vocês." - Após estas palavras o ser estelar olhou para o seu irmão das estrelas de cabelo loiro que desencaixou da parte posterior do seu traje, na região da nuca por sob seu longo cabelo, um objeto vermelho que parecia uma joia. Era como um grande rubi. Ele estregou essa joia ao Guerreiro Azul que a repassou para uma das anciãs que a segurou na palma de suas mãos sem saber o que dizer.

O Guerreiro Azul olhou para ela e sorrindo disse a todos em tom de esclarecimento: " - Esta pedra vermelha em nosso mundo é chamada de 'shitania', ela guarda informações que podem ser recolhidas pelos atuais maquinários tecnológicos dos irmãos menores. E vocês devem entregar esta pedra para o líder desse grupo dos irmãos menores que relatei. O nome dele é Curtiss. Marechal Curtiss Davidson. Ao ver este material ele entenderá o que significa e saberá o que fazer, pois outro grupo nosso já esteve em contato com ele há muito anos atrás antes dele desvirtuar muitas de nossas propostas de paz."

Houve uma certa reação geral, um burburinho entre muitos Apaches que não sabiam bem o que pensar sobre tudo aquilo. Foi um dos anciões que mais uma vez pediu ordem e atenção garantindo que tudo ficaria bem. O Guerreiro estelar agradeceu com um sorriso e continuou após alguns segundos de espera: " - Vocês não devem temer. Não podemos encontrá-los diretamente devido a postura bélica que eles carregam contra nós e contra todos os seres das estrelas que buscam a paz e a harmonia pelo Universo. Desejam nossa tecnologia avançada com o intuito de fabricarem armas de potencial de destruição inimagináveis e não pretendem negociar conosco sem que ofereçamos este conhecimento em troca.

"Por isso cabe a vocês, filhos diletos da Grande Mãe entregar ao irmão menor esta joia. Ela contem informações que são um alerta, um aviso de que se o irmão menor não atender ao apelo da Grande Mãe por paz e harmonia, ela irá ter que expurgar de si tudo aquilo que gera conflito e desarmonia. E isso irá ser muito doloroso para os irmãos menores se não atenderem a este chamado. E nós seus Irmãos Maiores das estrelas só poderemos proteger quem estiver oferecendo o coração repleto de amor para o bem estar de todos os demais membros deste belo planeta..."

Quando o ser estelar ia continuar para chegar ao final de sua mensagem, a mulher pleiadiana recebeu um sinal na parte superior de seu braço direito. Uma pequena tela brilhante e translúcida apareceu com algumas informações. Ela logo desligou o dispositivo e com um semblante grave se comunicou telepaticamente com o Guerreiro Azul: " - Não temos mais tempo. Já nos descobriram..."

O Guerreiro Azul interrompeu o seu discurso, virou-se na direção dos seis anciões e disse em tom que apenas eles pudessem ouvir: - " Há a alguns quilômetros daqui uma base militar e parece que eles conseguiram captar o sinal de nossas duas naves que nos aguardam quilômetros acima. Não podemos mais ficar. " - falou sem rodeios o pleiadiano. " - Em pouco tempo eles sobrevoarão essa região para tentarem descobrir o que se passa e isso é potencialmente perigoso para nós e para vocês." - continuou. O Ancião mais experiente indagou: " - O que devemos fazer?". " - Mais tarde, quando partirmos, reúnam seu povo e recapitulem tudo que passamos aqui e se preparem para o dia em que Curtiss virá. Ajam conforme orientamos." - arrematou o Guerreiro Azul.

" - Partirão neste exato momento? Devemos acompanhá-los até a nave da mesma forma que fomos buscá-los?" - perguntou um tanto ansiosa uma das anciãs, justamente a que guardava o material semelhante a um rubi. " - Não será necessário." - Após dizer isso a nave pousada dos três pleiadianos recolheu a rampa pela qual desceram, o portal se fechou e ela se acendeu em forte luz branca que logo foi ficando menos intensa e depois se estabilizou numa luz branca suave. Em seguida ela começou a subir vagarosamente até cerca de 30 metros de altura e veio se aproximando lentamente da parte da tribo em que estava os três seres extraterrestres.

Alguns Apaches temerosos correram para suas tendas. A nave os assustava. Algumas crianças que ainda estavam por ali com energia para correr e brincar pararam estáticas contemplando fascinadas o objeto voador que se aproximava silenciosa e lentamente. Logo a nave chegou e parou flutuando imóvel a 30 metros do solo num terreno descampado perto de onde estava os seres estelares.

" - Depois explique ao seu povo o motivo de nossa partida súbita." - Os anciões assentiram com a cabeça. Depois explicariam aos demais o motivo da partida tão repentina. Os três pleiadianos observaram mais uma vez aqueles amados irmãos indígenas. Com seu olhar a mulher das estrelas buscou o menino Yahto na multidão. Ao encontrá-lo viu que ele dormia profundamente no colo da mulher Apache. Ele ainda segurava o cristal cintilante que havia ganhado daqueles seres. A pleiadiana sorriu com ternura enquanto refletia o quanto aquele garotinho indígena um dia teria importante papel naquela comunidade.

Ela voltou seu olhar para a nave que pairava aguardando-os. Ela segurou nas mãos de seus dois irmãos das estrelas e os três se dirigiram para debaixo do veículo sideral. Os demais membros da tribo, enfim, realizando o que se passava e que eles estavam partindo sem nada dizer perquiriram com os olhares os seis anciões. Eles apenas diziam que tudo seria explicado depois.

A mulher que segurava Yahto no colo passou a chorar comovida com a partida daqueles seres tão especiais. Nesse momento Yahto acordou e num instinto misterioso de amor procurou a presença daquela mulher de olhos azuis que conquistara seu coração. Sob a nave prestes a partir de nosso mundo ela o sentiu... e mais uma vez dirigiu seu olhar para onde o pequeno Apache estava. Seus olhares, enfim, se encontraram. Ela acenou. O menino de longe estendeu seus pequenos braços como a dizer "não vá sem mim". Ele chorou. A mulher Apache tentava acalmá-lo.

Dos olhos da pleiadiana algumas lágrimas rolaram cristalinas. Era a saudade e o amor por aquele povo tão forte e sábio. "Yahto! Não chore! Estarei sempre com você!". Comunicou a pleiadiana por telepatia na mente do pequeno guerreiro. Ele ouviu claramente sem entender como e se acalmou. Sorriu. Mas, seus olhinhos não se desviavam da moça estelar.

A nave se acendeu de novo por toda sua extensão. Dessa vez numa luz dourada. Um raio de luz branco desceu sobre os três pleiadianos. A imagem de Yahto ainda vibrava na retina da mulher das estrelas enquanto ela sumia em meio aquela luz. A luz envolveu os três seres até que não era possível mais vê-los. Segundos depois a luz se apagara e eles não estavam mais ali. A nave os recolhera. A luz dourada também se apagou e outras luzes - as mesmas que circulava o objeto antes dele descer - se acenderam.

A nave subiu rapidamente e tomou posição bem no local de onde houvera saído da formação com as outras duas naves. Os cristais azuis que as crianças haviam recebido começaram a se desvanecer em fagulhas de luzes azuis e logo sumiram. O motivo disso não foi explicado. Ninguém sabia - talvez não quisessem deixar maiores sinais de sua presença. Os anciões estavam com seus corações confrangidos. Aqueles seres eram como parte deles e agora eles partiam para algum lugar desconhecido entre as estrelas.

Todos os membros da tribo estavam visivelmente comovidos e ao mesmo tempo surpresos por tão inesperado desfecho. No fundo ninguém queria que eles fossem embora tão de repente. Havia, choro, lágrimas, emoção, amor, saudade, mistério...

No céu as três naves alinhadas começaram a se mover e logo numa explosão de energia silenciosa e multicolorida elas partiram em velocidade surpreendente! Só era possível ver o risco multicor que ficara sulcado no tapete sideral daquele céu noturno. Os pleiadianos haviam partido.

Abaixo, a vida naquela comunidade banhada pela luz da lua que também fora testemunha ocular de tudo aquilo, logo voltaria ao normal. Se é que isso seria possível após tão incrível e fascinante experiência!

Minutos depois, como que por ironia do destino, três helicópteros de mesmo nome daquele tribo legendária cruzavam o céu sob o luar. Eram três helicópteros AH-64 Apaches altamente armados que vieram para investigar aqueles objetos misteriosos que tinham aparecido nos radares especiais de sua base...

Fim.

Nota: 1 - "Irmãos menores" era o termo utilizado pela tribo Apache para designar os "homens brancos". A palavra "menor" não era algum tipo de inferiorização maldosa, mas antes uma forma de expressar a imaturidade do ser humano que ainda não aprendeu a viver em harmonia com seu povo ou a própria Natureza.

(Música-tema do final deste relato para quem possa interessar: "Leona Lewis - My Hands".)

Cosmic Lover
Enviado por Cosmic Lover em 06/02/2022
Reeditado em 18/02/2022
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