Escolinha
Contentem-se seus calças curtas. Costumava gritar dona Graciosa. Um dia as coisas deverão mudar num repente e seus joelhos serão as testemunhas. Havia pendente sob o alpendre um sininho de vento onde a memória de todos os passadores pela porta com seus guarda-pós branco-encardidos se guardava aguardando. Dona Graciosa grudava na gente quando menos se esperava e depois desfiava suas impertinências dogmáticas e restritivas. Das primeiras letras ali surgidas foi a primavera das epifanias de metáforas infindas sempre caudalosamente calcadas no olhar esquisito até o tropeção no desconhecimento considerado. Dona Graciosa juntava as letrinhas aparando ou afilando as arestas como ela gostava de cravar gravar jogando-as sobre todos e sempre havia uma explicação para folhas brancas com marcas de sangue nas bordas didaticamente amoladas pela ilusão da linguagem. No final saímos diplomados com um carimbo daqueles coloridos com uma imagem de bule ferro de passar leque tina diamante tambor bem vou tocando com outra conversa antes que os dedos borrados na tinta da almofada terminem tamborilando uma melodia de despedida de uma memória outra ou o capelo voe pelas esquinas voláteis ao vento hipotético pseudopoético. Agora os joelhos cegos sob as pantalonas esguias recolheram-se ao impreterível mistério taciturno e latente. Dona Graciosa adivinhava a carestia que haveria de grassar entre as solidões despossuídas de afetos ríspidos chacoalhados como aqueles marcados nos traumas escolares coisa em que ela era perita e que ficariam ad eternum.