Eternidades

Indolente, contrafeito, vestia-se sob as cobertas. Preparava-se, condicionava-se. Sem as asinhas do verão, aparadas. Entretanto, mantinha duas ou três peninhas, coisa de culpas mal digeridas, mas justificáveis nas manhãs geladas do menino estudioso, ou nem tanto. Aí levantava. Equipado. Uniformizado. Sorvia o que se sorvia, saia quando a hora resolvia. Nem sempre se despedia, corria. Como a vereda em volta da vila não variava. Esguio. Entre a via e o vestido da coleguinha mais votada se perdia. Coisa que não contaria não fosse o espaço entre as rugas. Como não conhecia o deserto, andava confiante. Levava cristais amanhecidos de reserva. Tudo foi encontrado semeado no bolso da calça pendurada na parede, no prego. Mas isso é coisa tenra, das eternidades que se foram.

vila
Enviado por vila em 31/12/2021
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