LABAREDAS

Da favela erguiam-se enormes línguas de fogo que pareciam tocar o céu. Os bombeiros tentavam em vão afastar as pessoas das labaredas, mas elas continuavam por ali. Procurando parentes, tentando recuperar seus parcos pertences, trazendo água como o passarinho da fábula. Ninguém reparava naquela criança de 8 anos que olhava fixamente aquele inferno, com lágrimas nos olhos e um sorriso:

"Eles vão arrumar um lugar melhor prá gente morar mãe. Tem até repórter com câmera, A senhora vai ver. E ele nunca mais vai por a mão em você."

Com os dedos brincava com o isqueiro no bolso e lembrava orgulhoso do momento em que jogara o resto da garrafa de pinga nele e ateara fogo.

Diogenes R Cardoso
Enviado por Diogenes R Cardoso em 10/12/2021
Código do texto: T7403863
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.