A história que ninguém conta

Um rosto quase sem curvas, caminha sem piscar vai pra casa depois de um dia que rei não foi, ator não foi, amigo não foi, romântico não foi, mas o dia, esse dia, esse sim se foi. Seu corpo embora reto é seguro pelo maxilar e isso se nota pela boca que não abre, pelo cerrado dos lábios, pela boca fina que faz apenas uma linha que não sobe e nem desce. Os olhos esquecíveis apertados sem piscar, rodeados pelo escuro das pálpebras que enfurecem e empobrecem o olhar. Possui um casaco, não é possível saber se faz frio ou calor, pois anda mais devagar que todo mundo, mais cinza que todo mundo, mas não estremece, não chora. Casaco cobre o pescoço e pesa nos ombros, a mão esta nos bolsos. O torso balança pra cima e pra baixo, supõe-se que anda mas nunca parece se aproximar de nenhum lugar. Pessoas passam e passam quase relam, mas nunca abraçam essa figura a caminhar que até deseja abraçar, mas acaba sempre desviando o olhar. Quem tem pena dessa figura não sabe que tal criatura não desistiu de chegar.