A alma do negócio
No caixa do supermercado, Sarah acabava de empacotar as compras enquanto Ryan pagava a conta usando o cartão de débito.
- Estão sabendo da nossa promoção? - Indagou a caixa, ao entregar o cupom fiscal.
- Não - admitiu Ryan. - Qual?
A caixa apanhou dois tíquetes sob a gaveta da registradora.
- Parabéns, vocês ganharam entradas para o circo! - Disse a mulher com satisfação.
Ryan e Sarah entreolharam-se.
- O circo no Dead's End? - Indagou Sarah.
- Esse mesmo - assentiu a caixa. - Está se apresentando aqui pela primeira vez.
E estendendo a mão com os tíquetes:
- Podem pegar, é uma cortesia do supermercado.
- Não - retrucou Sarah. - Pode guardar, não vamos querer as entradas.
- Dê para outro cliente - sugeriu Ryan, ignorando a mão estendida e guardando a carteira no bolso traseiro das calças. - Ou leve alguém da sua família.
A caixa fez uma careta e recolheu a mão.
- Eu não posso... esse brinde é apenas para clientes.
Sarah e Ryan sobraçaram seus pacotes de compras, já de saída.
- Ficamos gratos, mas não - redarguiu Ryan.
Já fora do supermercado, Sarah virou-se para Ryan e comentou:
- Quanta insistência para ir ver esse circo! E nós passamos por lá, não parecia nem estar funcionando...
- Deve ter sido a pandemia - avaliou Ryan. - Aposto que estão desesperados para recuperar o público...
Sarah olhou para os dois lados da rua, praticamente deserta naquela sexta-feira à noite.
- Deixe que eu chamo o Uber - decidiu. - Não quero me arriscar a pegar aquele Mot de novo.
- Tudo bem - acedeu Ryan.
O carro chegou poucos minutos depois. O casal cumprimentou o condutor e acomodou-se no banco traseiro.
- Alguma rota em particular? - Indagou o motorista.
- Qualquer uma que não passe por Dead's End - replicou Sarah.
O motorista sorriu.
- Ah, sim, o circo.
E antes que qualquer um dos passageiros pudesse dizer alguma coisa, complementou:
- Vocês já foram ver? É sensacional!
- [17-10-2021]