Ajuda de viagem
Chão molhado... mole... embarrecido... alaranjado...
Sujava as botas a cada pisada - eram novas. Carregava, com muito esforço, uma coisa estranha que uma senhorinha de 80 anos penava levar; estava caminhando por lá quando avistou-a, e, na flor da juventude, não podia deixá-la a se arrastar com aquilo.
Se ofereceu.
Ela agradeceu.
Dizia, a pobre velhota, o destino. Guiando o rapaz, indo à frente. Ela segurava um guarda-chuva pequeno, se encabulava de apenas ela usar. Tentava, desengonçadamente, dividi-lo, mas mais atrapalhava do que ajudava; desistiu e seguiu como estava, sentindo um desconforto por isso.
Hora ou outra o garoto vacilava.
Escorregava e quase as coisas se estragavam...
Mas quando a força do corpo não é suficiente, vem a caridade para ajudar.
Chegou ao dito local, a velha agradeceu mais uma vez. Disse que ali estava ótimo e poderia seguir o caminho, mas ele previu outra necessidade: viu uma pá por perto...
Se ofereceu mais uma vez.
Ela não quis aceitar, mas nada pôde fazer.
Ele fez.
Cavou um buraco, até fundo; não foi tão complicado como a primeira tarefa. Chão molhado... mole...
Teve também o trabalho de jogar o saco e enterrar tudo de novo, para maior embaraço da senhora.
Tudo feito, partiu novamente para sua viagem... pensando no que tinha feito. Lembrando o que aconteceu e dando-se conta que muito fez inconsciente.
O que havia na sacola? Nunca saberá.
Por que a enterrou? Também não.
Por que num cemitério? Só ela para dizer...