OS "AMIGOS DO ALHEIO"
OS "AMIGOS DO ALHEIO"
Os "amigos do alheio" vieram "num combo", quando Eva e Adão (epa !) "desceram" do Paraíso, entendendo-se que o aprazível sítio divino ficasse em patamar qualquer entre os 3 céus -- tem 1 só pra Deus -- e esta "imundície" chamada Terra, globo terrestre. Lá já tínhamos "um amigo do alheio" travestido de serpente, o primeiro "traveco", digo, "trans" da Humanidade, um filho ou neto de Lúcifer, se não fosse o próprio. "Passou a mão" na maçã, traduzindo, "ganhou-a", furtou, "meteu a mão", "se deu bem", ou melhor, bem mal !
O "alheio" costuma ser eu ou você, leitor "otário", leitora que fica "patetando" nos metrôs e ônibus lotados, nas feiras livres e nos "shoppings" de pobre, num subúrbio qualquer. Lembre-se sempre: é no plural, só andam em 2 ou 3 e não usam armas ou facas, pelo menos não é comum fazê-lo. Conseguido o "ganho", passa-se rápido a carteira ao comparsa e, deste, para alguém atrás, quase sempre mulher. Se agarrarem o primeiro, não tem nada com êle... segurado o segundo, malandro antigo, cheio e moral e "botando banca" para atrair a atenção, o terceiro membro tem tempo de "limpar" a carteira de toda grana e deixá-la cair ao sol discretamente, entre as pernas, chutando-a para o meio dos 3 contendores.
Anphilófio de tal, mais conhecido por "Jacaré" -- vivia rindo, com a vida "só na maré mansa" -- andava com sua dupla preferida em todo lugar com aglomeração, que a palavra está na moda nesse começo de 2021. Nunca se sabe... a chance de "ALIVIAR" um otário do "peso" de seus reais podia surgir a qualquer instante. Daí o "trio parada dura" zanzava por Lotéricas, supermercados, feiras, onde a multidão se acotovelasse, para desespero dos seguranças que "manjavam as peças" "de outros carnavais" e sabiam que não eram "flor que e cheire" !
Foi uma manhã de sorte... estavam na Lotérica do bairro, cada qual na sua função: um fingia preencher bilhete e observava as reações do segurança; outro na fila, aguardava a hora de chegar ao guichê, quando "desistiria" da aposta e a jovem gostosona, amante dos 2, circulava entre os guichês fazendo perguntas sobre como preencher documentos, mero "H", disfarce.
Deram sorte mesmo... ela presenciou o velho vizinho deles Michellino Estrichillino, "seu Michel" -- a pronúncia é "como Q" mas brasileiro não aprende nunca -- recebendo "uma bolada", umas "10 pernas e 15 galos", notas de cem e 50 reais, segundo o "jargão" do malandro da Velha Guarda. Nem foram atrás, sabiam onde o aposentado morava. Chegaram pouco depois, empurrando o ancião para dentro, êle trocava a moldura artística pregada à porta, bela rosa em madeira de lei, escultura magnífica. Levou o girassol anterior, outro momento sublime da marcenaria:
-- "Não nos convida para entrar, vovô ?!
Já na sala, o amarraram numa cadeira, amordaçado, enquanto viraram tudo "do avesso", poltronas, cama, quadros, geladeira, latas de comida, mesas, vasos de flor, TUDO, tudo mesmo. Saíram furiosos, após soltar o velhinho e ameaçá-lo, "se abrisse o bico":
-- "Miserável, a grana 'tá lá em algum lugar e êle vai sair com ela, a casa não oferece mais segurança ! Vamos ficar "de botuca" (?!) e a gente "grampeia o Matusalém" !
Saiu por volta das 13 horas, o Banco fechava às 14 hs, novo horário devido à pandemia. Ía pra CAIXA, pertinho dali ! O trio o cercou quase no estacionamento e poz-se a revistá-lo, até "entre os documentos", incumbência da moçoila, que "isso" não é coisa pra macho.
-- "Vai pro Banco porquê, nojento ?! Passa logo a grana" !
-- "Vou levar essa moldura de porta, que o gerente me encomendou" !, e exibiu os 3 palmos da rosa em jacarandá.
Não acharam nada... esperaram a volta do velhote e nova revista, novo fracasso, tripla decepção.
-- "Meu dinheiro está todo no Banco agora, guardava num canto secreto dessas flores de madeira, PA-LHA-ÇOS" !, e fez correr fino tampo de 2 mm atrás da rosa, com cavidade e divisões para várias notas.
Anphilófio por pouco não esgana o ex-marceneiro. Passou semanas sem dormir, ser feito de "OTÁRIO" era pior do que ser condenado à prisão perpétua ! "Seu Michel" mudou-se pouco depois, sem revelar a ninguém seu novo endereço. Já o 'Phil" desenvolveu alergia a flores, todas elas !
'NATO" AZEVEDO (em 29/março 2021, 20hs)