O cerco se fecha

Reuben Gilbert e Evrawg Corfield entraram na recepção do Oirr Ny Marrey, um hotelzinho simpático situado no alto de uma colina, com vista para o mar. A tarde ia pelo meio, e o local era a décima-segunda parada daquele dia. Margaret Freemantle havia ficado ao volante da viatura descaracterizada que estavam usando, aguardando o retorno dos colegas.

- Fastyr mie - saudou Gilbert, exibindo o distintivo para a recepcionista atrás do balcão.

- Fastyr mie - replicou a funcionária. - Em que posso ajudar?

- Gostaríamos de ver a sua lista de hóspedes; estamos interessados em pessoas sozinhas, que estejam aqui há mais de uma semana - explicou Gilbert.

- Temos alguns nessa condição - disse a recepcionista. - Precisam de uma relação impressa?

- Se puder nos mostrar na tela do computador, será mais rápido - replicou Corfield, bloco de anotações e lápis na mão.

A funcionária virou o monitor sobre o balcão, para que os policiais pudessem visualizar melhor, e abriu o sistema de reservas, apontando para os números dos quartos que se enquadravam no que fora solicitado.

- Sete no total, em três andares - concluiu Corfield. - Vamos começar de cima para baixo; algum dos hóspedes está no quarto à esta hora?

A recepcionista virou-se para o quadro de chaves atrás dela.

- O senhor Andrei Hagi não costuma sair durante o dia - informou. - Ele informou que tem a pele sensível.

Gilbert e Corfield trocaram olhares.

- Não estamos na Espanha - comentou Corfield. - Vamos começar por ele, quarto 404.

Gilbert pegou o transceptor digital e alertou Margaret sobre o que fariam a seguir.

- Talvez seja apenas outra pista furada, mas fique atenta - recomendou.

- Estou pronta - replicou calmamente a detetive.

* * *

Gilbert e Corfield desceram do elevador no quarto andar, e o galês exibiu o dorso das mãos para o colega: os pelos estavam arrepiados.

- Decididamente, temos algo aqui - disse baixinho.

- E se for apenas algum outro tipo de alternativo? - Questionou Gilbert, também em voz baixa.

- Bem, não posso descrever a sensação, mas já estive na mesma sala com vampiros, e nunca senti nada parecido - redarguiu Corfield em tom assertivo. - E creio que fui convidado para esta investigação justamente por causa dos meus instintos...

- Tem razão - Gilbert deu-se por vencido. - Mas não estamos armados, e mesmo se estivéssemos, duvido que pudéssemos enfrentar esse lich sozinhos. Acha que vale a pena bater na porta dele e fazer algumas perguntas?

- É uma boa questão. De qualquer modo, segundo informou a recepcionista, Hagi não deve sair do quarto antes do anoitecer; melhor montar uma campana e voltar mais tarde, com reforços.

A dupla bateu em retirada para o elevador. No saguão, alertaram a recepcionista para que não fizesse qualquer comentário sobre a investigação em curso, e ao saírem do edifício, Gilbert acionou a delegacia central para que enviasse dois policiais para se revezar na cobertura dos acessos ao hotel.

- Preciso de fotos de Andrei Hagi para repassar à vigilância; - informou - poderia conseguir com a Imigração?

- Naturalmente - redarguiu o inspetor-chefe Treadaway. - Mas o que fazer, caso o suspeito saia do hotel?

- Deve ser seguido discretamente, mas qualquer contato deve ser evitado - solicitou Gilbert. - Nós, da força-tarefa, precisamos garantir a integridade não só de todos os que participam da operação, mas também do suspeito. Não nos será de nenhuma utilidade se tivermos que desintegrá-lo antes de um interrogatório...

Em seguida, entrou no automóvel onde Corfield e Margaret já o aguardavam.

[Continua]

- [03-04-2021]