A força-tarefa

Tecnicamente, Margaret Freemantle não fazia mais parte do Departamento de Investigação Criminal da polícia da ilha, mas como toda a ajuda era bem-vinda, ela acabara sendo aceita como parte da força-tarefa encarregada de desvendar o assassinato de Orchid Jellis (e, presumivelmente, de outros casos assemelhados). E, embora o sargento Reuben Gilbert liderasse a investigação, o trabalho de campo estava quase que inteiramente sobre os ombros - largos - do detetive Evrawg Corfield, da polícia de Gales.

- Temos uma lista dos turistas que chegaram à ilha por via marítima ou aérea nos quinze dias que precederam a morte de Jellis, e que ainda continuam hospedados em nosso território - explicou Gilbert aos dois outros integrantes do grupo, reunidos numa sala da delegacia central. - A ideia é fazer uma vistoria nos hotéis e pousadas, utilizando o talento natural do sargento-detetive Corfield para detectar possíveis irregularidades. Dúvidas?

- Acredita que nosso alvo tenha se hospedado aqui, na capital? - Indagou Margaret.

- Como todas as mortes atribuídas à ação de liches ocorreram nesta cidade, creio que é uma conjectura razoável - replicou Gilbert.

- Temos mais de trinta hotéis para vistoriar - avaliou Corfield, folheando uma lista impressa de estabelecimentos. - Quanto antes começarmos, melhor.

- Como gostaria de fazer o trabalho? - Inquiriu Gilbert.

- Margie aguarda na recepção, e eu e você percorremos as instalações em busca de indícios - sugeriu Corfield. - Se o alvo desconfiar de alguma coisa e tentar escapar, Margie dará o alerta; nem preciso dizer que armas de fogo são inúteis contra ele.

Gilbert e Margaret olharam para Corfield com apreensão.

- Confesso que não havia pensado nisso - admitiu Gilbert. - Se o identificarmos, como faremos para o prender?

- Depende do nível de poder deste lich em particular - redarguiu Corfield. - Mas se tivermos que nos defender de algum ataque desferido por ele, é melhor que isso seja feito do lado de fora de qualquer construção onde esteja; os métodos usados para combater um lich quase sempre envolvem fogo, e isso seria um desastre dentro de um hotel cheio de gente.

- Então, o melhor é não atrairmos a atenção dele prematuramente - inferiu Gilbert.

- O ideal seria apenas identificarmos a presença dele, e então definir a melhor forma de capturá-lo... com vida - arguiu Corfield com uma careta. - Embora isso seja uma contradição, em princípio.

E diante das expressões de dúvida dos outros dois, complementou:

- Lidar com mortos-vivos é sempre complicado.

[Continua]

- [02-04-2021]