O ladrão de almas
Alemanha, 1943
O cheiro de pólvora irradiava na penumbra.
Frederico caminhava trôpego sobre um turbilhão de emoções, sentimentos e pensamentos de terror, andava sobre cadáveres e a luz opaca do sol rachava-lhe a pele delgada.
Ingeriu a última gota de água do cantil e acendeu um cigarro. Corvos engoliam com voracidade os olhos dos mortos. De repente um som seco cortou o vento em sua direção, a bala atravessou o seu abdômen total e fê-lo tombar banhado em sangue.
Horas depois abriu os olhos, não sabia se estava vivo ou morto, talvez estivesse no inferno, era o que achou a princípio. Viu um vulto se aproximando devagar.
- Quem é você, velho?
O velho lhe disse:
- Calma. Tudo vai dar certo ok! Meu nome é Klaus, um amigo. Não vou lhe fazer mal.
A amizade entre eles se firmou. O tempo passou. Frederico sentiu sua vida voltar ao seu corpo, porém algo estava errado.
- O que é isto? - olhou-se no espelho.
- Não é mais um corpo morto, e sim um corpo vivo. Eu enviei sua alma a um corpo melhor, sem doenças, sem feridas, jovem.
Frederico quis ver o seu cadáver e Klaus lhe mostrou, então ele o enterrou, porém queria saber a respeito daquele feito prodigioso.
- Eu sou um inventor, trabalhei anos num laboratório nazista, criei uma poderosa máquina capaz de enviar as almas pra outro corpo. Eu tô bem velho, você agora será meu sucessor.
Dias depois morreu e Frederico voltou ao Brasil com a fórmula. Obsessivo, tornou-se um psicopata, matando, roubando, sempre mudando de corpos.
Mas se apaixonou loucamente por Cristina, uma enfermeira linda e misteriosa. Contou-lhe seu segredo, mostrou a ela a máquina e sua doce amada o traiu esfaqueando-o.
Atirou seu corpo no rio e foi à casa de sua irmã Tânia, a caçula, olhou-a com desprezo, seus olhos começaram a tramar...
Fim