FAROESTE CABOBLO
Outro dia falei com Deus.
Não era o dia, nem a hora.
Era segunda-feira.
Nesses dias geralmente não se fala com ninguém.
Correria. Cheques para pagar. Contas a receber. Ressaca. Ódio do mundo. Um dia infernal mesmo!
Mas arrisquei.
Estava fulo da vida e queria respostas.
Coloquei algumas armas na cintura, pente e bala na agulha.
Já na rua, peguei quatro pedras que repousavam em um pequeno gramado.
Um mendigo simulou um “bom dia”, mas ignorei-o.
Caminhando a passos largos e apressados atravessei a pracinha da igreja matriz.
Uma dúzia de velhas macabras com xale passavam em direção à Ave-Maria.
Um pensamento ordinário me atravessou os sentidos, mas logo foi abatido por minha excepcionalidade.
Genuflexo e sangrento, já com escudo em mãos, lutava para proteger-me das infâmias e descalabros que me atiravam.
Seria EU uma fraude, Senhor?