FAROESTE CABOBLO

Outro dia falei com Deus.

Não era o dia, nem a hora.

Era segunda-feira.

Nesses dias geralmente não se fala com ninguém.

Correria. Cheques para pagar. Contas a receber. Ressaca. Ódio do mundo. Um dia infernal mesmo!

Mas arrisquei.

Estava fulo da vida e queria respostas.

Coloquei algumas armas na cintura, pente e bala na agulha.

Já na rua, peguei quatro pedras que repousavam em um pequeno gramado.

Um mendigo simulou um “bom dia”, mas ignorei-o.

Caminhando a passos largos e apressados atravessei a pracinha da igreja matriz.

Uma dúzia de velhas macabras com xale passavam em direção à Ave-Maria.

Um pensamento ordinário me atravessou os sentidos, mas logo foi abatido por minha excepcionalidade.

Genuflexo e sangrento, já com escudo em mãos, lutava para proteger-me das infâmias e descalabros que me atiravam.

Seria EU uma fraude, Senhor?

REMI
Enviado por REMI em 11/12/2020
Reeditado em 13/12/2020
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