Museu do Homem
Ela desceu para o café da manhã com chinelos de plástico decorados com borboletas de cores vivas. Percebendo o meu olhar, justificou-se com um sorriso confiante:
- Foi presente da minha filha, não pude dizer não.
Ajudou-me a colocar a mesa, embora eu pudesse fazer isso sozinha e só estivéssemos nós duas em casa.
- Na verdade, são até confortáveis - admitiu.
Sentamo-nos para tomar café, ela discorrendo sobre uma série de coisas que gostaria de fazer na cidade aquele dia.
- O Museu do Homem abre às 10 h - informei. - É a principal atração local, como já sabe.
Ela não me pareceu realmente muito interessada.
- Acho que posso ir lá mais tarde, depois que voltar das colinas - argumentou, passando geleia nas torradas. - Na verdade, pretendo passar o dia colhendo morangos.
- Pensei que tivesse vindo para cá por causa do museu - repliquei surpresa.
- Se é um museu, as coisas não vão fugir de lá, imagino - comentou com ar brincalhão. - Principalmente, você sabe, os homens.
Não, já que apenas faziam parte de dioramas representando cenas da antiga sociedade.
- Eles vão estar lá, esperando pela sua visita - condescendi.
Ela despejou mais leite na xícara antes de responder com uma piscadela:
- Homens pacientes, estes.
- Creio que não têm outra opção - assenti.
- [21-10-2020]