O menino que queria voar
Tirou suas botas, alívio aos pés. À beira do riacho, com os pés mergulhados, assistia o fim da tarde. Um sorriso no rosto, sorriso de criança, observava em sua volta a natureza e a natureza o observava. Eram peixes coloridos e pequeninos em volta dos membros imersos, um colibri em seu ombro, caracóis, borboletas, jaguatiricas se aproximando.
No céu uma imagem se formava, era uma águia... De branca ilusão à velha tentação. Voar. Como a águia lá no céu, como o beija-flor... Era o seu desejo, o desejo de um esquecido.
E mesmo que fosse loucura, a ilusão tornou-se realidade e vinha em sua direção. Águia branca, águia de verdade, suas garras afiadas vinham a ele... Como a repetição de um passado, de uma lenda, foi seu desejo realizado, enfim.
Foi morar no céu e seu antigo desejo acabou por toda a eternidade...