Noite feliz
Alfredo e Alfredina, gêmeos graciosos. Nasceram e cresceram em harmonia, na Lagoa da Prata. Alfredo casou-se no tempo devido e esperado, enquanto a mana Alfredina esperou mais. E surgiu o seu príncipe encantado. Candidato ideal, o belo Antônio, malgrado a surdez quase total. Mas tudo revelado, tudo relevado. Alfredina, já balzaquiana tampouco era aquela flor imarcessível.
E para se completar a felicidade, Antônio ganhou o bônus de recuperar a audição por meio de miraculosa intervenção. O bônus e o ônus.
Na noite subsequente, quiçá vencida pela emoção, quiçá distraída da nova situação, Alfredina, já recolhida ao leito com o eleito, não pode conter um retal rojão...Fugaz, só foi gás...
Entretanto, o ruidoso estampido acordou um assustado marido que, de surpresa transido tocou nas costas da fiel companheira e bradou:
- Alfredina, parece que estão arrombando a nossa porta, você ouviu...?
Ao que a ainda mais assustada Alfredina, dominando a duras penas a adrenalina, tentou acalmar o irriquieto companheiro:
- Não foi nada não, querido, com certeza você sonhou com esse roído ruído...
Antônio, por Morfeu vencido, tão-somente aduziu:
- É, Alfredina pode ser, porém, isso não tá me cheirando bem...