276 - O Fumo
Tinha a certeza de que entrara no coche princesa. Recordava-se bem do vestido, do diadema de brilhantes, do anel de safiras. Recordava, ainda, que ia a caminho de uma Festa da Corte e que receara enganar-se nos passos da valsa de Strauss que iria dançar com ele para abrir o baile. Tinha vindo o caminho todo a rememorar os passos: um, dois três, roda, um , dois, três e roda. A verdade é que teve de ser ela a abrir a porta e, já nada se parecia com o coche de talha dourada. Também já não tinha o vestido e, olhando-se melhor, viu, rasgadas, as calças de ganga à altura dos joelhos e das coxas. Em vez do anel tinha uma cobra tatuada no anelar direito e só faltava que também não tivesse o diadema de brilhantes, pensou apalpando a cabeça para constatar a falta dele. - O que me terá acontecido? Disse alto procurando respostas que ainda não conseguia organizar. Quando já caía a mão forte do homem segurou-a. – Agarra-te a mim ou vais provar o pó desta estrada, garota. E ela, mesmo não sabendo quem ele era, amparou-se ao seu ombro, tentou equilibrar-se, conjugar os seus com os passos dele e seguiram por um caminho de pedras e lama até a uma casa que parecia a mesma onde ela, Tatiana, morava. Para acabar tudo num desgosto total já só lhe faltava que aquele homem que achou ser um príncipe maldisposto, fosse o Amadeu. Quando por fim, à luz do poste pode vê-lo não chorou por incapacidade pessoal mas teve a certeza que era o …Amadeu!