A Moça, o Bêbado e o Guarda-Chuva
 
A chuva tinha parado. Clarissa fechou seu guarda-chuva, enquanto caminhava para pegar o ônibus na próxima quadra. A rua estava totalmente deserta. Decidiu apressar os passos no retorno para casa depois de um dia de trabalho cansativo. Se não estivesse de férias, iria direto para a faculdade e o caminho seria outro. Naquele momento, agradeceu em seu íntimo a oportunidade de ter sua noite livre para descansar.

Perdida em pensamentos, olhava o chão molhado, quando foi surpreendida por uma mão forte apertando e sacudindo seu braço. Se viu diante de um homem que cheirava a bebida e que tinha idade suficiente para ser seu pai.

Uau... Balbuciou ele, aproximando-se ainda mais.

Assustada, pegou o guarda-chuva e com ele bateu diversas vezes naquele estranho bêbado abusivo.

Sua louca, para com isso! Gritava ele, que nessa altura já a tinha soltado e tentava se defender do objeto que virara uma arma na mão da jovem.

O homem saiu correndo meio cambaleante na direção contrária, gritando Louca! Louca! o tempo inteiro até sumir de vista.

Ficou parada ali, um instante, olhou para o objeto em suas mãos, que não servia mais para nada e o jogou em um depósito de lixo que havia nas proximidades. Vão-se os anéis e ficam os dedos. Pensando nesse provérbio popular, subiu no ônibus.