BIA BELA

É provável que tenha sido a placa luminosa, o dístico pulsante da loja que me chamaram atenção. Não sei.

Nem pretendia comprar camisas, talvez.

A empatia da balconista. Lábios entreabertos, solícita. Que mãos mais suaves!

De olhos vivazes, boca airosa, seios vicejantes como gatinhos matreiros. Protuberâncias posteriores salientes, não conseguia ocultar ou deixar de seduzir. Bia era uma formosura em pessoa. BIA BELA foi o nome mais autêntico para sua loja.

Toda paixão requer uma atração significativa. Pode ocorrer o desejo unilateral e o efetivo assédio, mas para o desfecho é necessário a reciprocidade.

Os olhos e os sentimentos perspicazes veem fatos que os desavisados jamais notarão.

Embevecido nos liames da beleza da dona da loja, eu tinha sido pescado. As mãos macias, tocadas involuntariamente fez eclodir um eflúvio mútuo.

O afago bucal inevitável foi na entrada do provador.

A camisa não experimentada. A nudez insaciável e as mãos laboriosas encurtaram o tempo.

Nunca quis infringir o nono mandamento, mas a tentadora concupiscência tramava para conduzir Bia e eu a uma férrea paixão.

E sequer esperei qualquer verbalização de sua boca depravada a pedir violência de minhas mãos em suas ancas, cujas marcas lá ficariam. Sua boca esfomeada queria outra boca a apertá-la.

A loja deixou de ser um ambiente de vender e de comprar. Apenas de ofertar amor.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 05/07/2020
Reeditado em 10/07/2020
Código do texto: T6996929
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