O HOTEL
Trabalho aqui há cem anos. Sinto-me que encolhi por não conhecer o patrão e as leis que regem meus serviços. A parasita hoteleira suga meu cérebro e a cada dia desejo romper todos os vínculos com os serviços de quarto.
Ampliaram os elevadores. Hoje são mil e um em funcionamento, hóspedes entram e saem - todos os dias- como ratos à procura da ratoeira, registrando as saídas no painel.
Cem mil horas de trabalho inconsciente, desde que assinei o contrato, e as portas de saída monitoradas por guardiões. Prometo que pedirei a demissão desse hotel de três mil portas e deixarei todos os cinco mil hóspedes nos seus quartos com as luzes acesas.
Não, não quero mais alimentar a parasita. Mas o agrupamento humano é muito grande e não tenho forças para sair sozinho. Portanto, há somente duas escolhas para nós: sairmos todos juntos, de uma só vez, ou só sairemos mesmo, à força, no dia do funeral.