87 - Oitenta e Sete

Quando num Natal a ofereceram ao meu Pai era só uma cabritinha irrequieta que ninguém deixou matar. Mariquita a chamávamos e ela passou a integrar a família, deitou corpo e tornou-se depois uma cabra de grande porte simpática que invadia a casa e circulava por onde lhe apetecia. Tinha estranhos hábitos alimentares e alguns irritantes. Uma vez comeu o chapéu de palhinha de meu tio Adão e, naquele dia, enquanto D. Demiana provava os biscoitos de canela e tomava chá de tília, Mariquita achou comestível a badana de crepon verde seco do seu vestido . Não foi perdoada e pouco tempo depois alguém a levou para parte incerta.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 21/11/2019
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