50 - Cinquenta
Moravam no vão da escada de um prédio antigo ao Saldanha. Um beliche e roupa pendurada num fio, uma mesinha com livros, jornais e objectos de uso comum. A luz vinha do escritório de advogados que havia no primeiro andar e a água de uma torneira existente no pátio interior, local onde sob uma lona presa a um canto faziam os banhos. Usavam os lavabos do Café Monte Carlo a menos de duzentos metros. Um estudava engenharia e o outro era barman no Porão da Nau. A chave ficava debaixo do tapete. Era lá que, depois de almoçar nas redondezas, muitas vezes eu fazia a sesta.