Prova oral

Sinceramente, uma coisa muito parecida com a execução da pena capital é a prova oral. Até rimou!

1º) Após longa ritualística procedimental - em termos de distintas avaliações - a pessoa chega à etapa (eliminatória) de arguição.

2º) Os examinadores indicados, não raras vezes, possuem ego enorme. Alguns são até desprovidos do mínimo senso do ridículo. Sem falar de outras situações em que o candidato domina mais o conteúdo que o próprio examinador: verdadeiro perigo! Ah, há também a figura do examinador que faz careta, do nervosinho, do falso, do que não sabe perguntar e tudo o mais que se possa imaginar.

3º) Os candidatos e candidatas ficam confinados em uma sala. Isolamento. Restrições. O tempo passa. Alguns veem chegada sua hora. Os que permanecem não podem ter qualquer contato com a vida que segue.

4°) Na hora da arguição, às vezes, encontra-se alguém com resquício de humanidade. O comum é o concursando se deparar com "professores" exibicionistas de ares impolutos.

5°) E a sessão de horrores começa. Algumas vezes, o concursando fica em pé. Outras, assentado. Há ocasiões em que o tempo não é cronometrado. Em outras, sim. Por mais que se fale e faça, a sensação (racionalmente falando) é de ser um "zero à esquerda". Claro, a depender do senso de cada um.

Tal como nas execuções norteamericanas, no Brasil, o público também pode assistir ao evento. Além dos julgadores naturais, a plateia – de quando em vez – após a execução, sente-se no direito de julgar, questionar a performance do (a) candidato (a). A maioria possui absoluta convicção de que seria e/ou faria melhor. Quanta erudição! E é todo mundo muito bom e a lua faltando uma banda...

DO LIVRO: Princípio do Fim.

@engenhodeletras

Professora Ana Paula
Enviado por Professora Ana Paula em 15/10/2019
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