DIÁRIO DE VIAGEM... DESTRUÍDOS
Dia 15 de Janeiro de 1970: Estou na sala de embarque do Aeroporto Salgado filho de Porto Alegre na espera para iniciar uma viagem a Campo Grande/MG... com a ideia de me deslocar até Lima no Peru... aproveito o voo para iniciar o meu diário de viagem. Desembarquei com as duas malas volumosas e nesse momento estou me dirigindo para o setor de embarque para marcar a minha viagem até Corumbá, na divisa com a Bolívia... Estou dentro de outra aeronave e ela atingiu a pista para decolagem e eu curtindo aquela sensação da velocidade para levantar voo... mas quando chegou ao final da pista o avião não saiu do chão... opa! Tem algo errado! os motores continuaram ligados e o piloto deu meia volta com a aeronave e voltou para o início da pista e agora estamos tentando levantar voo pela segunda vez... meu susto se fez presente, mas agora com o avião no alto estou vendo a cidade de Campo Grande sendo desaparecida pela distância, estou vendo o céu e as nuvens ao meu redor... nesse instante estou visualizando a cidade de Corumba. Este foi o início do meu Diario.
Eu escrevi um diário contando as minhas aventuras de um lutador cênico que durará por mais de sete meses pelas cidades da Bolívia e Peru e posteriormente México.
Eu sempre tive a intensão de manter este diário, como uma forma de contar as histórias vividas das minhas andanças em busca de conhecimentos, do mundo, das amizades encontradas das lutas participadas das praias desfrutadas dos amores de momentos... tudo era contado no meu diário, ou quase.
Um dia estava apreciando minhas fotos e recordações, onde encontrei o meu diário de viagem e algo me dizia que eu deveria destruí-lo,
e como fazer isso? Vou queimá-lo – pensei antes... as coisas não são eternas e fui pela minha intensão, se não fosse naquele dia, talvez em outro momento e daria mais um tempo ao meu diário ou talvez não o destruísse... a vida contada se perde ao vento e não marca tanto quando ela é escrita diariamente - um grosso caderno alguns escritos com canetas e outras páginas avulsas escritas a máquina... a medida que eu ia colocando no fogo ardente que não dava pena na sua destruição, senti que uma prova que levou mais de seis meses para ser elaborada, estava sendo destruída em apenas alguns minutos... mas as fotos da viagem... por enquanto estão preservadas, assim como as minhas escritas, defendidas pela internet.
Parecia um apagar de uma história como uma forma de esquecimento de algo vivido, mas que algum dia o tempo vai de alguma forma varrer do mundo para sua eterna renovação.