O ENTERRO DA MULHER DO PADRE

Imaginem o constrangimento, uma situação atípica:
''morre a mulher do padre.''
Mas como assim, mulher do padre?
Pois é: Sabe quando todo mundo sabe mas
faz de conta que não sabe para
o Padre pensar que ninguém sabe?
Entendeu? Nem eu!?
Então vamos lá, tentar explicar:
acontece que a mulher  (secreta) do Padre,
que é mãe de uma penca de filhos (do padre),
caiu doente. O jeito foi chamar o doudor que,
meu sem jeito, ao consultar a enferma.
constatou que a doença era terminal.
O Padre ficou inconsolável e chegou a chorar
na hora da missa, pode? - pode, tudo pode
para o coração de um padre apaixonado...
Pouco tempo passou e a mulher do padre
veio a falecer. Foi um Deus nos acuda,
a cidade em polvorasa. Como prestar
condolências ao Padre, assim em público?
Ô situação vexatória!
Mas o pior ainda estava por vir, o Padre,
convidado pela família da defunta, teve
que presidir as exéquias, com direito a
missa de corpo presente e tudo mais
que a cerimônia exige.
Toda a cidade (de poucos habitantes),
compareceu à cerimônia fúnebre.
Para encurtar este conto sem um pingo de graça,
no momento que o féretro baixava a sepultura,
o Padre, já não contendo mais a emoção disse:
''- minha amada Maricotinha,
foram anos de amor escondido, 
de tantos filhos paridos
e na sua hora finda, estou aqui,
de coração partido.''
Ora, era o que o povo queria, 
uma declaração pública e o Padre,
surpreso,recebeu uma salva de palmas!
Gostaram deste conto? - nem eu!

 
Fernanda Xerez
Enviado por Fernanda Xerez em 11/05/2019
Reeditado em 11/05/2019
Código do texto: T6644690
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