Entalada na catraca

A cidade estava aliviada com o fim do pesadelo, a mulher foi salva e tiveram de volta o único ônibus do transporte coletivo.

Mais que todos, o prefeito sentia-se o verdadeiro herói, afinal, foi seu engenhoso plano que salvou a dona de casa e evitou desperdício de dinheiro público. Todo orgulhoso falou à imprensa: “Assim que soube que uma cidadã estava entalada na catraca do coletivo acionei os bombeiros que se mostraram despreparados”.

Para entender essa declaração temos de voltar ao dia dos fatos. Ao avaliar a situação o capitão acalmou a todos: “Não há motivo de preocupação. Vamos serrar a catraca e em pouco tempo a mulher estará livre!”.

Para surpresa geral, o prefeito gritou: “Não, não! Se é para estragar a catraca deixa tudo como está.” Os cofres públicos não poderiam arcar com o reparo do coletivo. Assumiu a responsabilidade pelo resgate e dispensou a equipe.

Hoje, no palanque ao lado do prefeito, a mulher agradece. O regime custeado pela prefeitura permitiu que ela fosse retirada do ônibus em apenas 6 meses.