O homem estava sozinho em pleno bar
O homem estava sozinho em pleno bar na noite de sábado. Ele era frequentador antigo daquele aposento. A vitrola tocava country music e de vez em quando um blues. No centro do bar, na pista de dança, algumas mulheres faziam strip-tease e dançavam com sorrisos no rosto. O bar não estava cheio nem vazio, a maioria das pessoas prestava atenção naquelas garotas doidas, alcoolizadas, que queriam chamar a atenção dos jovens rapazes. Mas o homem não reparava nas mulheres, observava apenas o ambiente, com o olhar viajante, absorto em seu mundo, dono absoluto de sua própria solidão. Ele não bebia neste dia, apesar de encher constantemente a cara em suas saídas noturnas. Esse homem passou vários anos de sua vida sentindo-se velho, como se a morte o esperasse a todo instante, foram incontáveis as vezes em que teve vontade de chorar. Porém, na última semana, algo havia mudado. De repente, sem nenhuma explicação, seu coração começou a palpitar de maneira estranha, era como se pudesse sentir a energia da natureza. Sentia-se pertencente ao universo, era o sentimento de estar no lugar certo na hora certa. Sentia um mistério o possuindo, tremia de excitação. Era algo puro. O pior de tudo, tal energia, parecia não querer se exaurir. O homem ainda ficou mais uma hora no bar e pediu a conta. Deu uma gorjeta graúda para o simpático garçom, seu antigo conhecido. Apesar de ter ido ao bar de carro, resolvera voltar para casa a pé. Sentia-se livre, queria, finalmente, viver.