VISÕES DE UM NEÓFITO...

O segundo oficiante, dirige-se aos presentes.

“____Amados, hoje é Treinamento do Oriente! Vamos todos pro Salão!”

Ao entrar, avistei no centro do salão, uma esteira e sobre ela vários alguidares repletos de objetos... frascos com essências, Jogos de Carta... e espalhados, sobre a esteira, estavam folhas de papel A4, caixas de lápis e giz cera, coloridos.

Perto da porta de acesso ao Salão, estavam duas mesas. Uma para seis cadeiras e outra para 4 cadeiras. Sobre a primeira estavam organizadas em seus devidos lugares, folhas de papel A4 e canetas. Sobre a segunda, uma pirâmide e vários tarôs.

Sentei-me diante das PEDRAS! Acho-as maravilhosas, porquanto as considero e reverencio como os Ossos da Minha Mãe Terra!

O Primeiro Oficiante falou sobre sua trajetória espiritual, até chegar ali. Após, pediu a Terceira Oficiante para falar, também, sobre sua caminhada espiritual. Quando ela terminou sua fala, o Primeiro Oficiante explicou o Trabalho que seria desenvolvido.

Feito isso, o Segundo Oficiante explicou os assuntos que seriam trabalhados nas mesas e ali, ao redor da esteira. Pediu que algumas pessoas se deslocassem para as mesas e que o restante ficasse ali, sentadas ao redor da esteira, no chão.

Continuei sentada, fascinada pelas PEDRAS. Súbito, ouvi o Segundo Oficiante dizer...

“______Mande a Minah pra mesa de psicografia!”

Achei que era só um comentário, mas levei um susto, quando a Terceira Oficiante me chamou e me conduziu ao último lugar, que havia sobrado, na mesa. Sentei-me junto dos outros Estudantes que estavam de olhos fechados, concentrados, orando.

Ao me sentar, tive a sensação de que estava sobre uma sauna, tal era o calor que emanava do piso, subindo pelas minhas pernas até alcançar meus ombros. O calor que subia para minhas narinas era semelhante ao calor da vaporização, numa temperatura quase irrespirável.

Tentei me controlar e peguei os papéis e uma caneta. Fechei os olhos e procurei me concentrar, recitando o Pai Nosso.

Nesse momento senti uma fisgada violenta no meu cotovelo direito, um impacto extremamente quente travou meu cotovelo, como se alguém o houvesse “segurado” com um pedaço de metal em brasa. Uma dor dilacerante se espalhou dali para o meu antebraço, palma da mão e dedos.

Postado na minha frente, um pouco acima da minha cabeça, um olho imenso e brilhante me fixava atentamente, ao tempo em que se movia, iluminando tudo, enquanto uma voz se dirigia a mim, me ordenando que escrevesse e desenhasse sobre o que estava vendo e ouvindo...

“______Você não me vê, mas eu estou aqui, impregnando tudo que existe. Eu estou em todas as coisas. Estou em tudo... em todos os lugares. Fale para eles. Diga o que ouve. O que vê. O que sente.”

Olhei para o alto e vi um Disco Solar Radiante, incolor, suspenso no céu, de onde diversas cores se espalhavam, a partir do centro, e se moviam como nuvens tangidas pelo vento, girando velozmente ao redor do núcleo, iluminando tudo, numa claridade incomparável.

Apesar da presença de algumas flores, o local era abafado, quente, dificultando a respiração. Uma voz femenina começou a repetir uma frase.

“______Aqui está muito quente... preciso de brisa para respirar... me ajude...”

Olhei para o alto, outra vez, e vi um Segundo Sol. Esse outro Sol era Amarelo, e mais parecia um imenso girassol. Suas centenas de pétalas, refazendo o contorno, se sobrepondo umas às outras e de cujas “nervuras” emanavam cintilações translúcidas, iluminando o caminho por onde eu deveria ir, até encontrar a dona daquela voz que pedia socorro.

Seguindo o som daquela voz, fui caminhando, e de repente me vi num espaço que parecia um deserto. Avistei ao longe algo semelhante a um Portal Mágico.

Pareceu-me um Portal de acesso a um lugar paradisíaco... no meio daquele deserto imenso. Uma abertura oval, de onde uma luz finissima deixava ver uma paisagem de sonho. Um córrego de águas cristalinas, na margem do qual, um arbusto de enormes folhas verdes, deixava entrever o rosado de uma flor em botão, quase que prisioneira de grandes folhas.

Fui me aproximando mais, até chegar perto do Portal. Lentamente as folhas do arbusto se afastaram e pude ver a flor. Era uma Flor de Lótus cor-de-rosa. Ela abriu a corola e então vi, no seu interior, uma moça. Era linda. Seu rosto parecia o rosto de um bebê. Suave e rosado, como pétalas de flor... ela parecia estar se sentindo muito mal, pois olhava para mim, e repetia a frase:

“______Está quente... muito quente... muito quente! Não consigo respirar direito... preciso de brisa para respirar... está muito quente... me ajude...” __ e pendeu a cabeça como se houvesse desmaiado.

No auge da aflição comecei a chorar e quis correr na direção do Portal. Algo, no entanto, parecia me puxar para trás. Continuei tentando alcançar o Portal, queria ajudar a moça-flor... mas a dor que eu estava sentindo, era mutiladora, e me obrigou retornar. O Segundo Oficiante chegou perto e perguntou se eu estava bem. Respondi que não. Meu lado direito doia demais.

Ele pediu um objeto e começou a traçar, com ele, simbolos, marcando a palma das minhas mãos, meus punhos, minha testa, minha nuca e meu externo, creio que na altura do chakra laríngeo. Depois pediu que me levassem para deitar.

Alguém me levou, ainda meio grogue, até a esteira. Nesse meio tempo ouvi a moça-flor dizer, num fio de voz...

“______Eu, Manitu... me ajude...”

Senti me deitar na esteira, ao tempo em que continuei andando, rumo ao Portal... aí apaguei por completo. Não lembro de mais nada. Quando a Terceira Oficiante me tocou, chamndo meu nome, retornei de imediato. Doeu. Faz muito tempo que não havia mais sentido essa sensação de desenrolar “lingua-de-sogra”. Ainda meio perrengue, abri os olhos. Percebi que havia mais alguém deitado na esteira que estava ao meu lado. Era o Angello. “Viajando” também, creio eu. Resolvi me sentar... fui aos poucos vendo, nitidamente, os outros Estudantes. Vi Mirian debruçada sobre sua folha de papel A4, desenhando uma linda flor. Vi Raíssa pedindo uma pedra e uma pequena esfera que estavam dentro do alguidar... chamou a Janaina e começou a massagear o tornozelo dela. Egrac não estava bem, vi sua folha de desenhos... e identifiquei apenas um, parecia uma nova versão do simbolo Yang Yin. Sua fisionomia estava alterada. Ela parecia estar alheia a tudo que estava acontecendo ali. A entidade que estava com o Segundo Oficiante perguntou se eu havia gostado do que vi. Respondi chorando que não. Ele perguntou se eu entendi, respondi que sim. Ele pediu que me dessem um copo com água. Tomei todo o liquido e a angustia começou a se desfazer! Ouvi alguém dizer:

“______Raíssa, Eron e Minah vão ficar no Oriente...”

Tudo estava, ainda, muito confuso, na minha cabeça. Situação agravada pelo barulho da conversa, paralela, dos Estudantes que estavam na mesa da piramide.

Fiquei meio mareada durante uns sete dias. Todas as vezes que me lembrava das cenas, não conseguia conter o pranto. Só no sábado, dia 13.10, após a cerimônia pós silêncio, minha mente começou a clarear.

Hoje, dia 14.10, consegui firmar meu pensamento e buscar informações sobre o que vi e ouvi.

Relembrei, nitidamente, todas imagens que vi quando fechei os olhos, na mesa onde o grupo de psicografia estava... e eu estava entre eles.

A Flor que me pedia socorro tinha uma face humana... era uma Flor de Lótus cor-de-rosa. Preciso pesquisar, estudar, me concentrar... espero conseguir.

Busquei, na sequência, o significado simbolico...

1º) – daquele Olho Imenso e tão expressivo. Ele me fixava atentamente enquanto a voz se dirigia a mim. Movia-se, iluminando a paisagem, em princípio normal (com arvores, arbusto, flores e relva), e depois totalmente deserta, seca e quente, para finalmente desaparecer diante do Portal e da mulher-flor... era como se o olho fosse ela!

2º) – do Disco Solar Radiante, incolor, suspenso no céu, de onde diversas cores se espalhavam, a partir do centro, e se moviam como nuvens tangidas pelo vento, girando velozmente ao redor do núcleo, iluminando tudo, numa claridade incomparável.

3º) – do outro Sol Amarelo, que mais parecia um imenso girassol. Suas centenas de pétalas, refazendo o contorno, se sobrepondo umas às outras e de cujas “nervuras” emanavam cintilações translúcidas, iluminando o caminho por onde eu deveria ir, até alcançar o Portal.

4º) – O Portal. Parecia um portal de acesso a um lugar paradisíaco... no meio daquele deserto imenso. Uma abertura oval, de onde uma luz finissima deixava ver uma paisagem de sonho. Um córrego de águas cristalinas, na margem do qual, um arbusto de enormes folhas verdes, deixava entrever o rosado de uma flor em botão.

5º) – A Flor de Lótus.

6º) – O nome MANITU.

Após encontrar o que buscava, copiei , imprimi e encadernei, para estudar.

Já chorei muito.

Só peço ao Deus do Meu Entendimento que não me deixe, novamente, duvidar do que Vejo, Ouço e Sinto.

Que a Maldição de Cassandra, não me assuste outra vez, me colocando na dúvida cruel quanto ao meu merecimento de Ouvir, Ver e Sentir!

Súbito, o pranto estancou e um clarão iluminou meu pensamento... entre todas as palavras que ouvi, uma frase ficou martelando na minha cabeça...

“___Você não me vê, mas eu estou aqui, impregnando tudo que existe...”

Adda nari Sussuarana
Enviado por Adda nari Sussuarana em 26/10/2018
Reeditado em 10/06/2019
Código do texto: T6486930
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