O Guerreiro Azul visita os Apaches - Parte X
O fogo crepitava e refletia suas chamas laranjadas no olhar intenso do Guerreiro Azul. Um dos anciões levantou o braço direito e num gesto com a mão pediu plena atenção e silêncio daquela platéia Apache. O ser celestial fitou por alguns segundos as estrelas, a lua e passou seu olhar nas outras duas naves que aguardavam silenciosas naquele céu fascinante.
O ser estelar logo voltou sua atenção para aquela pequena multidão de indígenas, contudo agora com um olhar mais doce. O ancião vendo que tinha captado de forma profunda a atenção de todos para aquele ser de armadura azul, baixou seu braço e o ser das estrelas começou a falar em tom que todos pudessem ouvi-lo de forma perfeita no próprio dialeto daquela comunidade: - "Meus irmãos e irmãs!" - enquanto falava alguns Apaches se assustaram, pois ao mesmo tempo em que ouviam sua voz pelos ouvidos, também a sentiam dentro de suas mentes, como se cada palavra estivesse sendo gravada indelével em suas almas. " - Meus irmão e irmãs... " - continuou... " - ...reunidos aqui nesta noite mais do que especial. Guardem com atenção as minhas palavras! Porque elas são as palavras que a própria Grande Mãe gostaria de proferir." - Todos olhavam atentos.
" - Os irmãos menores¹ estão cada vez mais insaciáveis na sua busca pelo poder e domínio, tanto da Grande Mãe quanto de seus filhos amados. Eles querem possuir e dominar a tudo e a todos. Em breve, dentro de poucas semanas, um pequeno grupo desses irmãos chegarão em suas terras com o intuito de avaliarem a melhor forma de extrair o que puderem de riquezas. Mas, ao invés de confrontá-los de alguma forma, temos uma missão importante que vocês devem cumprir para o bem de todos os filhos da Grande Mãe.
"Junto com a comitiva desses irmãos menores, virá um senhor de cabelos grisalhos e altura média que é o líder da empreitada que aqui intentam realizar. A missão de vocês todos é que possam através de seus venerados líderes anciões entregar-lhes um material que iremos repassar para vocês." - Após estas palavras o ser estelar olhou para o seu irmão das estrelas de cabelo loiro que desencaixou da parte posterior do seu traje, na região da nuca por sob seu longo cabelo, um objeto vermelho que parecia uma joia. Era como um grande rubi. Ele estregou essa joia ao Guerreiro Azul que a repassou para uma das anciãs que a segurou na palma de suas mãos sem saber o que dizer.
O Guerreiro Azul olhou para ela e sorrindo disse a todos em tom de esclarecimento: " - Esta pedra vermelha em nosso mundo é chamada de 'shitania', ela guarda informações que podem ser recolhidas pelos atuais maquinários tecnológicos dos irmãos menores. E vocês devem entregar esta pedra para o líder desse grupo dos irmãos menores que relatei. O nome dele é Curtiss. Marechal Curtiss Davidson. Ao ver este material ele entenderá o que significa e saberá o que fazer, pois outro grupo nosso já esteve em contato com ele há muito anos atrás antes dele desvirtuar muitas de nossas propostas de paz."
Houve uma certa reação geral, um burburinho entre muitos Apaches que não sabiam bem o que pensar sobre tudo aquilo. Foi um dos anciões que mais uma vez pediu ordem e atenção garantindo que tudo ficaria bem. O Guerreiro estelar agradeceu com um sorriso e continuou após alguns segundos de espera: " - Vocês não devem temer. Não podemos encontrá-los diretamente devido a postura bélica que eles carregam contra nós e contra todos os seres das estrelas que buscam a paz e a harmonia pelo Universo. Desejam nossa tecnologia avançada com o intuito de fabricarem armas de potencial de destruição inimagináveis e não pretendem negociar conosco sem que ofereçamos este conhecimento em troca.
"Por isso cabe a vocês, filhos diletos da Grande Mãe entregar ao irmão menor esta joia. Ela contem informações que são um alerta, um aviso de que se o irmão menor não atender ao apelo da Grande Mãe por paz e harmonia, ela irá ter que expurgar de si tudo aquilo que gera conflito e desarmonia. E isso irá ser muito doloroso para os irmãos menores se não atenderem a este chamado. E nós seus Irmãos Maiores das estrelas só poderemos proteger quem estiver oferecendo o coração repleto de amor para o bem estar de todos os demais membros deste belo planeta..."
Quando o ser estelar ia continuar para chegar ao final de sua mensagem, a mulher pleiadiana recebeu um sinal na parte superior de seu braço direito. Uma pequena tela brilhante e translúcida apareceu com algumas informações. Ela logo desligou o dispositivo e com um semblante grave se comunicou telepaticamente com o Guerreiro Azul: " - Não temos mais tempo. Já nos descobriram..."
(Continua...)
Nota: 1 - "Irmãos menores" era o termo utilizado pela tribo Apache para designar os "homens brancos". A palavra "menor" não era algum tipo de inferiorização maldosa, mas antes uma forma de expressar a imaturidade do ser humano que ainda não aprendeu a viver em harmonia com seu povo ou a própria Natureza.