O segredo era aguardar
Tu tens uma coleção de perfumes, um piano e um dom de atrair.
O segredo era eu o aguardar.
Tu me olhastes fixamente depois da melodia ressoar, mas antes de mim uma mulher abriu a tua coleção, e assim ela escolheu o mais doce perfume para ela e o mais amadeirado para ti.
Ela borrifou o perfume nela e tu a beijou, depois ela borrifou em ti e tu a refutou, pois essa missão de espalhar diversas fragrâncias é tua não dela.
Ela apavorada desejou que isso não tivesse acontecido e a ti implorou mais um beijo, mas quanto mais beijo implorava, mais decepcionado ficava, pois sem saber ela quebrou o teu ritual, que tu considerava como mágico.
Uma vez quebrado sem espaço para redenção.
E eu ali de fora o desejava, tu não tinhas dona, era livre, e quando uma mulher ao teu lado sentou, tu não a desejou.
Descobri que ele era um barato sedutor.
Só que hipnotizada me rendi ao teu olhar, sentei ao teu lado quando lindamente a mesma música começou a tocar, bastou poucas notas para eu me encantar com uma intensidade inexplicável .
Repetiu o olhar firme e sedutor.
Se vestiu do teu ritual ao jogar em si um perfume, este floral, da flor mais leve cultivada em um campo na primavera.
Logo após me beijou, com beijo que concede a todas, mas era tão bom, que isso pouco me importou, durou segundos.
E atenta aos teus detalhes não me perfumei para ti e nem em ti joguei a fragrância que eu desejava sentir.
Apenas o aguardei, e intrigado me questionou:
- Por que não pediste para a música continuar?
Por que não falastes nada que meu perfume é doce como o de uma mulher?
E por que, mesmo com essa minha beleza tu resististes ? E não pediste mais um beijo?
Tu não borrifou o perfume que desejava sentir em mim...
... por quê?
por quê?por quê?por quê?
Por que tu és assim?
Primeira vez me fez interessar por alguém que foge do meu ritual, em que só eu devo hipnotizar.
Tu me libertastes? Ou me amarrastes com esse teu ar misterioso?
Responda! Porque essa atitude diferente tomastes?
E minha resposta foi:
-Porque sou experiente.
Experiente em observar as singelas coisas que os demais dão as costas a importar.